Review: Blind Guardian em Fortaleza (02/10/15)

No final de fevereiro veio a notícia: Blind Guardian faria mais uma turnê pelo Brasil. Fãs de metal e Tolkien já ficaram no aguardo do início das vendas dos ingressos, apesar da primeira data ser apenas no começo de outubro. Eram meses de espera pelos bardos do power metal, os caras que em mais de 30 anos de carreira não cansam de falar sempre das mesmas coisas em suas músicas e, fazem com uma competência tão grande, que continuam levando legiões de fãs ardorosos aos seus shows pelo mundo inteiro.

A espera acabou e nós estávamos lá pra conferir a primeiríssima apresentação desse reinício de tour mundial, afinal, a última performance nos palcos se deu em Tóquio, no finzinho de junho de 2015. A estreia da perna americana da turnê foi em Fortaleza.

blind guardian fortaleza

SEGUE O CEGO

O espetáculo (não poderia usar um termo menor que este) começou com a intro de The Ninth Wave, primeira faixa do disco Beyond the Red Mirror, lançado este ano e que dá nome a turnê. A banda veio em sequência já mandando ver e o público acompanhou animado, apesar de ser uma música nova e que não empolgou tanto alguns seguidores da velha guarda do Guardião Cego.

Ao final, Hansi Kürsch, vocalista e líder da banda, começou seu bate papo habitual com a galera e anunciou uma queridinha dos fãs: Banish From Sanctuary! Quem não estava tão empolgado assim, ferveu o sangue nessa hora. Na sequência, Nightfall, a música do disco que deve ser o mais memorável da banda, o conceitual Nightfall in Middle-Earth, todo baseado nO Silmarillion de J.R.R. Tolkien.

Na pausa pra conversar com o público, Hansi avisou que a apresentação, assim como todas as outras da tour, estava sendo gravada para o próximo disco ao vivo da banda. A partir desse momento, em muitas músicas o vocalista regia o coro de pessoas cantando momentos chave, aquela parada do “isso fica irado num disco”! E a música tocada a seguir já pedia essa dedicação da galera: Fly.

Na sequência Tanelorn (Into the Void), baseada nos livros de Michael Moorcock. Prophecies, mais uma do novo álbum, empolgou bastante e mostrou que o público realmente se preparou pra noite, mas com The Last Candle a chama do público queimou mais intensamente.

Finalmente chega um dos momentos mais aguardados do show. Hansi pede licença para contar a história de Frodo e do senhor das trevas, Sauron, também conhecido como O Senhor dos Anéis! O que tinha de marmanjo barbado chorando… Lord of the Rings foi um dos momentos mais emocionantes da noite, sem dúvida alguma. E aí o que veio a seguir foi pra matar cardíaco: Mordred’s Song. Apesar de ser um grande clássico, a música não é tocada em todos os shows, então corre o risco de não se repetir nas próximas apresentações brasileiras.

Na sequência, a primeira faixa do primeiro disco, a pedrada Majesty! Foi então que veio a grande surpresa da noite, como disse o próprio Hansi, uma música que eles não tocavam há muito tempo, mais precisamente, há 5 anos: I’m Alive! Infelizmente esta foi a última faixa do disco Imaginations From the Other Side no show. Já passava de 1 hora de performance e a última música foi anunciada: And Then There Was Silence. Agradece, sai do palco, galera vibra, pede mais e aquela coisa toda. Hora do primeiro bis!

Começa a intro de Sacred Worlds, a banda retorna, o público aplaude. Twilight of the Gods, terceira e última música do disco novo que é tocada. Fechando o bis, uma das mais pedidas pela galera, a voadora sonora de nome Valhalla! Valeu, falou, beijos.

E o coro é de “Mirror, Mirror”, mas o segundo bis começa com War of Wrath, primeira faixa do Nightfall in Middle-Earth. Os fãs já sabiam que isso só podia significar uma coisa: Into the Storm vinha aí! Emoção definia o momento, porque agora só restava aquelas que são, provavelmente, as mais clássicas canções dos caras.

Troca guitarra por um alaúde (não foi, mas eu prefiro acreditar que foi exatamente assim, tá!) e começa The Bard’s Song (In the Forest). Lágrimas, choros e soluços em meio ao coro mais emocionado e emocionante da noite. E sem nem esperar o último acorde do bardo Marcus Siepen, o público renova o coro de “Mirror, Mirror”. Volta a guitarra, Hansi abre os braços e manda um “as you wish: Mirror, Mirror on the wall!” Um misto de adrenalina e desespero tomou conta da galera, era o grande momento da noite, mas também era o fim daquela apresentação de sonhos.

Com toda educação e cortesia, a banda agradeceu os aplausos, fez uma reverência aos súditos fiéis, posou pra foto e veio um final fabuloso e inusitado. Frederik Ehmke, batera da banda desde 2005, o mais novo na formação atual, saiu da cozinha e veio ter seu momento Hansi com a galera! O cara erguia os braços e pedia gritos e aplausos do público. Depois de uns 2 minutos nessa brincadeira, a banda fez sua despedida final rumo a Recife, a próxima parada dos menestréis metaleiros!

NOS PORTÕES DE MORIA

Infelizmente, nem tudo foi alegria. A organização local do show demonstrou um amadorismo terrível. Os ingressos foram vendidos, como é padrão atualmente, primeiramente por sites de vendas. As pessoas imprimiam seus vouchers e entravam direto, sem precisar trocar na bilheteria, afinal o voucher era nominal e possuía código de barras. Mas quem disse que na entrada tinha leitores de código de barras? Era no velho cara/crachá e, aí meus amigos, a demora foi brutal.

As filas de pista e frontstage se misturavam e em cada uma das duas entradas tinha no máximo duas pessoas fazendo a conferência de ingressos. Em meio a fila interminável que ainda dobrava a esquina, às 22:40, 20 minutos antes do divulgado, começa a rolar a intro da primeira música. Resultado: desespero dos (des)organizadores do evento e fúria justificada de quem ainda estava na fila.

Eu perdi a intro, mas teve gente que perdeu mais de duas músicas. A horda de orcs enfurecidos invadiu, ninguém conferia mais nada na entrada e se aparecer alguém dizendo que só gastou um santinho do Papa pra ver o show, pode ter certeza que é a mais pura verdade.

Fora isso, a estrutura do local deixou bastante a desejar. Palco mirrado, som meia boca (que a banda fez milagre e extraiu o sumo daquilo, porque ficou numa qualidade considerável), zero controle na divisão entre pista e frontstage (o que teve de gente que pagou pista colado na grade…), enfim um verdadeiro show de incompetência por parte da Empire, cujo slogan é “15 anos realizando sonhos”…Pois é! Quem sonhou em ouvir o Blind Guardian da calçada deve estar bem contente mesmo. Claro que choveram reclamações, mas a ineficiência e a lentidão da entrada não se repetem no Facebook, onde somente os comentários positivos são mantidos. Palmas!

Apesar da incompetência da produtora local, a banda cumpriu seu papel e entregou um show lindo e que deve ficar pra sempre na lembrança de quem estava lá pra testemunhar! Quem sabe o seu grito no meio da galera vai estar no próximo disco dos caras. Quem sabe…

Setlist

1. The Ninth Wave
2. Banish from Sanctuary
3. Nightfall
4. Fly
5. Tanelorn (Into the Void)
6. Prophecies
7. The Last Candle
8. Lord of the Rings
9. Mordred’s Song
10. Majesty
11. I’m Alive
12. And Then There Was Silence
13. Sacred Worlds
14. Twilight of the Gods
15. Valhalla
War of Wrath
16. Into the Storm
17. The Bard’s Song – In the Forest
18. Mirror Mirror