Need for Speed Unbound (Review)

A franquia Need for Speed há anos tenta encontrar um caminho certo para evoluir, depois de várias tentativas frustradas, focando em um lado mais competitivo, mas ao mesmo tempo ainda voltado para narrativas com corredores. Depois de NFS Heat, parece que a EA havia encontrado uma forma de levar a série para algum lugar. Com a Criterion reassumindo Need For Speed, depois de NFS Hot Pursuit e Most Wanted, parece que finalmente as coisas começam a entrar nos eixos com Need for Speed Unbound.

Enquanto muito do que foi visto em Heat está lá, de um jeito melhor, todo o clima de corridas clandestinas dá um gostinho de NFS Underground, algo que há anos os fãs gostariam de ver, mas que não sei se funciona tão bem como deveria hoje em dia.

Feito por quem entende

Desde Need for Speed Rivals (2013), os jogos da franquia NFS estavam nas mãos do Ghost Games, estúdio que precisou encarar a Frostbite Engine para usá-la em um jogo de corrida. Os jogos dessa era da franquia não são ruins, trazem boas ideias, mas sempre pareciam não saber exatamente o que seria Need for Speed.

Um foco em uma narrativa apresentou jogos como Payback, que sofreu com microtransações, mas ajudou ao estúdio a chegar em NFS Heat, o melhor criado por eles. Boas ideias, execução competente, mas que ainda faltava algo que apresentasse uma identidade ao jogo.

Need for Speed Unbound

Com Unbound, a EA entrega a franquia nas mãos da Criterion, responsável pelos games da série Burnout e pelos já citados NFS Hot Pursuit e Most Wanted. Ainda que pareça usar muito a base criada pela Ghost Games em Heat, Unbound tem um desempenho e gameplay muito mais robusto e agradável.

Seja pelo estilo de corridas pelas ruas, com perseguições policiais pelo imenso mapa, dirigir em Unbound é muito mais divertido do que em Heat, mesmo o jogo anterior entregando bastante nessa área. Em Unbound, em vários momentos o estilo arcade da franquia se faz presente em corridas realmente emocionantes e que demandam habilidade do jogador.

Um enorme mapa e uma história para contar

Como aconteceu nos últimos jogos da franquia, Need for Speed Unbound se passa na fictícia Lakeshore City, uma enorme cidade com uma cultura de corridas clandestinas. Você cria um personagem logo no início, tendo várias opções de customização, para estrelar uma história de superação e vingança.

Após ser traído, seu personagem precisa reconstruir sua reputação nas ruas. Isso faz com que o jogador tenha acesso a um carro potente logo no início para ter um gostinho do que o jogo pode oferecer, apenas para perder tudo e precisar começar do zero. Durante os testes, optei por começar com um Fusca, porque óbvio que eu ia começar com Fusca se pudesse.

Fusca BRABO Need for Speed Unbound

Isso trouxe o meu primeiro problema com o jogo, que foi o fato de por ser bastante arcade, os carros não são assim tão diferentes uns dos outros. Eles trazem algumas características relacionadas à sua dirigibilidade, e certamente com seu visual, mas não demora muito para que um Fusca possa correr tão bem quanto um carro mais apropriado para competições nas ruas.

Existe uma evolução na trama e nos carros que você pode adquirir que tornam a campanha bastante interessante e que levam o jogador a lugares ainda mais distantes no mapa. Inclusive, o mapa lembra bastante o do já citado Underground 2, com várias atividades extras que podem destravar peças e acessórios de customização de seu veículo.

Essa customização é bem interessante, ainda que fique muito mais relacionada ao desempenho do que o visual do seu carro. Ao contrário de títulos passados, em que era possível colocar de neon até som no seu carro (que servia para absolutamente NADA), aqui a maioria dos itens é para deixar o seu carro mais rápido, melhor para controlar e para servir para corridas ou eventos de drift.

Cartunesco, mas ainda realista

Existe sim um elemento visual que desde o anúncio de Unbound chamou muita atenção dos jogadores que são os efeitos quase de anime que o jogo tem. Enquanto todo o mapa, cenários e carros são bastante realistas, com gráficos realmente bonitos e bem trabalhados, efeitos de cores e elementos cartunescos aparecem aos montes quando você derrapa ou solta o nitro.

Need for Speed Unbound efeitos

No começo, isso é um pouco esquisito pois parece não combinar muito com o que está sendo apresentado, mas logo se torna algo comum e divertido de ver. É possível destravar diferentes efeitos para aplicar ao seu carro, como raios e linhas que aparecem quando certa velocidade é alcançada, mas tudo é bastante superficial se comparado a títulos anteriores da série.

No caminho certo, mas precisa de um pouco mais de personalidade

Como disse lá no começo, um dos pontos que chamou atenção dos fãs era a similaridade entre Unbound e NFS Underground. Os jogos do começo dos anos 2000 ainda estão bastante presentes no imaginário de uma parcela dos fãs, que gostariam de uma sequência, ignorando que Carbon e Most Wanted existiram.

O fato de ter corridas noturnas e diurnas, como NFS Heat já deveria indicar que o jogo não seria assim tão Underground, mas a galera acreditou. Unbound lembra em alguns momentos o antigo game, mas acredito ter chegado a hora de a franquia tentar se distanciar um pouco desses elementos de corridas clandestinas e tentar retomar o seu lugar entre os títulos de corrida que hoje parece ter sido tomado por Forza Horizon.

Unbound é um bom jogo e diverte bastante, muito mais do que eu esperava, mas como ainda parece preso a esse passado (dourado, mas que de fato já se foi) parece impedir que a franquia tenha uma identidade mais clara.

Se Unbound servir como base para novos jogos, no sentido de desempenho e jogabilidade, a Criterion por ter a oportunidade de revolucionar a série Need for Speed nos próximos anos. Como está, é um bom jogo de corrida, divertido, mas que não vai se tornar o favorito de ninguém.

Need for Speed Unbound foi testado no PS5 com código cedido pela EA.