John Wick 4: Baba Yaga (Review)

John Wick 4: Baba Yaga traz novamente Keanu Reeves como uma verdadeira máquina de dar tirinho espetacular e uns rolamentos em cima de inimigos sem face. Parece algo ruim falando assim, mas desde o primeiro filme, tirando um ou outro personagem, o John Wick é isso: um trator humano passando por cima de uma galera e isso é realmente legal de se ver.

A cada filme, a trama e a loucuragem escalam, o que sempre foi muito divertido. O primeiro filme é bastante direto e reto, com uma trama de vingança bem feitinha. O segundo explora um pouco mais o universo de John Wick e o que coloca na mira da Cúpula, uma organização que comanda todo aquele mundo. O filme terminava com o John expulso e alvo de centenas de assassinos. O terceiro continuava dali, com o Wick correndo e matando geral para tentar encontrar um jeito de se salvar, terminando com trairagem e a possibilidade de agora ele querer derrubar tudo. O futuro era bem interessante pra franquia.

Aí temos John Wick 4: Baba Yaga.

John Wick 4 não é um filme ruim, mas ele tem dois imensos problemas: ele patina na história e de certa forma ele é o 3 novamente, e ele é mais longo do que deveria. Sabe aquela coisa de “muito de uma coisa boa é ruim”? Então, John Wick 4: Baba Yaga é isso.

Reprodução: Lionsgate

As cenas de ação são MUITO legais, mas elas se estendem tanto que perdem o impacto. O filme tem 2h49, mas tranquilamente dava pra tirar esses 49 minutos aí e contar a mesma história, com as mesmas cenas de ação, mas com uma edição mais redondinha.

Desde o segundo filme, existe uma patifaria de terno de kevlar, que é algo que se você já chegou até aqui, já aceitou. Só que nesse quarto filme, essa patifaria chega num nível que transforma todo mundo em esponja de bala e perde uma das coisas mais legais lá do primeiro filme, que era a habilidade do John Wick ser uma máquina de headshot e tirinho no joelho. Agora, poderia ser qualquer pessoa que sabe dar tiro, avançando com um terninho à prova de bala.

Era só dar um tiro na mão ou no topo do cocoruto ali e pronto (Reprodução/Lionsgate)

Eu acho que o maior defeito de John Wick 4: Baba Yaga foi o de transformar o Wick e a sua jornada em algo não tão interessante, enquanto outras coisas mais legais estão acontecendo ao mesmo tempo. Por exemplo, o filme apresenta antigos companheiros do John, interpretados por Hiroyuki Sanada e Donnie Yen.

O primeiro, chefe do Continental de Osaka, é um ator japonês conhecido por seus papeis como samurai, e o Donnie Yen, que serve como antagonista do Wick, bem, é o Donnie Yen. O cara é um absurdo. E ele é provavelmente a melhor coisa do filme inteiro, e você acaba querendo saber um pouco mais sobre eles e o que rolou lá atrás, quando eles estavam no ápice de suas habilidades.

Donnie Yen é BRABO (Reprodução/Lionsgate)

Só que o filme dá a patinada que eu comentei, colocando novamente o John correndo de um monte de assassinos querendo pegar a recompensa pela sua cabeça, tentando arrumar um acordo pra se ver livre da Cúpula. Depois do final do terceiro filme, a evolução natural da trama seria o John resolver destruir a Cúpula ou algo do tipo, mas não. Mesmo objetivo do terceiro filme e é isso aí.

E as cenas de ação?

Beleza, quem vai assistir John Wick 4 provavelmente quer saber das cenas de ação. Como eu disse no começo, elas são bem legais, coisa de maluco mesmo, mas elas têm o problema de não saber quando terminar. Tem uma cena MUITO maneira perto do final que chegou a me fazer pensar que valeu o filme inteiro pois me deixou bem empolgado. Só que ela começa a se repetir e vai ficando longa e aquele impacto foi se perdendo.

Isso acontece mais de uma vez ao longo do filme e passa muito a impressão que chegaram e “Povo gosta das cenas de ação, então a gente vai focar nisso”, e aí tudo ficou esticado demais. Tem um fiapo de história ali, soterrado por cenas de ação que começam muito legais e vão continuando até você se sentir exausto.

Reprodução/Lionsgate

No final (ruim. O final do filme é ruim, a cena pós-créditos é uma merda e eu não vou arredar o meu pé dessa opinião), você tá só bastante cansado e não porque o filme foi uma grande e divertida montanha russa de emoções, mas porque ele vai te drenando até você ficar meio indiferente a tudo o que está acontecendo.

Eu sinceramente sei lá o que vão fazer agora. Tem a série de TV do Continental que pode ser legal, contando a história sobre o hotel, com um Winston mais novo, tem o spin-off Bailarina, com a Ana de Armas que obviamente assistirei, mas que claramente se passa entre o terceiro filme e esse aqui.

Assistam pelo Donnie Yen. Donnie Yen tá BRABO no filme.