Thunderbolts*
Imagem: Disney

Thunderbolts*: A Marvel tá quase encontrando o caminho de volta

Desde o lançamento de Vingadores: Ultimato, o Marvel Studios parece patinar pra encontrar o sucesso da primeira grande saga do seu universo cinematográfico. Apesar de alguns sucessos de bilheteria, como Homem-Aranha: Sem Volta pra Casa, Guardiões da Galáxia Vol.3 e Deadpool & Wolverine, parece que tava faltando algo nos filmes do estúdio. Algo que, incrivelmente, Thunderbolts* consegue ter.

Juntando personagens secundários de outras produções, como Viúva Negra, Falcão e o Soldado Invernal e Homem-Formiga e a Vespa, Thunderbolts* consegue equilibrar ação, personagens com quem você começa a se importar, não força nas piadinhas e ainda faz com que você fique com vontade de acompanhar mais coisas do MCU, algo que não acontecia há muito tempo.

Enfrentando o vazio

Thunderbolts* traz um jeito um pouco diferente de ver o Universo Cinematográfico da Marvel, longe dos grandes heróis, mostrando como alguns dos personagens que vimos antes tocam suas vidas de um jeito bastante melancólico. Yelena, a irmã da Viúva Negra, vive de missão em missão, sem criar qualquer tipo de conexão com o mundo em que vive.

Florence Pugh Thunderbolts
Florence Pugh em Thunderbolts* (Imagem: Disney)

Trabalhando para Valentina Allegra de Fontaine, ela acaba recebendo uma missão que a coloca frente a frente com John Walker, o semi-Capitão América de Falcão e o Soldado Invernal, Fantasma, de Homem-Formiga e a Vespa, e o Treinador (ou nessa versão, Treinadora).

Quando eles percebem terem sido enganados pela de Fontaine, encontram um sujeito simplesmente chamado Bob, que acaba se tornando centro de toda a história. Se você viu o trailer, sabe exatamente do que tudo se trata.

Só que eu não tô aqui pra falar da história de Thunderbolts*. O filme consegue tocar naquilo que fez os filmes da Marvel darem tão certo por tanto tempo: ele faz você se importar com os personagens na tela.

Apesar de o longa focar bastante na jornada da Yelena e do vazio que ela sente em sua vida, os outros personagens conseguem demonstrar que são mais do que simples bonecos com umas roupas esquisitas e com umas habilidades maneiras.

A maneira como o filme tenta mostrar que esse grupo de anti-heróis são na verdade pessoas perdidas e sem propósito, mas que acabam se encontrando e descobrindo “a luz” dentro deles é mais bem feita do que o esperado. O meu medo de a Marvel tentar fazer de Thunderbolts* um grande “Esquadrão Suicida” sumiu logo no começo do filme e nem tenta fazer isso.

Thunderbolts
Os anti-heróis e Bob (Imagem: Disney)

Muita gente vai falar sobre como o filme trata sobre saúde mental, o que por si só é bom, mas tudo ainda é superficial, ainda que seja bastante válido. Todos os personagens ali sofrem por algo e conseguem mostrar que são mais do que aquilo que todos esperam, bastando uma oportunidade para serem aquilo que sempre quiseram ser. Achei bonito.

Fechando uma fase de uma saga esquisita

Thunderbolts* é o último filme da fase 6 do MCU, engatando a última marcha pra reta final da Saga do Multiverso. Depois do sucesso de Ultimato, a Marvel não conseguiu realmente embalar nesse esquema de multiverso como gostaria, apesar de ter funcionado relativamente bem na série do Loki.

Eu esperava que Thunderbolts* serviria, de alguma forma, pra empurrar a história pro caminho da conclusão dessa saga, mas confesso ter ficado bastante contente com quão “DANE-SE ESSE ESQUEMA DE MULTIVERSO” ele é. Praticamente todo o filme foca na sua história, sem querer ser um enorme teaser pra um próximo filme, o que eu achei ótimo. Até nas piadinhas eles souberam segurar a onda, entregando algo divertido, mas sem parecer irritante como em algumas produções recentes.

Thunderbolts*
Thunderbolts* saindo na mão (Imagem: Disney)

No fim das contas, a única coisa que tenta empurrar um pouco pro futuro do MCU tá no final e nas cenas pós-créditos (a última fica bem no final e é a mais longa dos filmes da Marvel).

Em vez de ficar só pensando em multiverso, saí pensando que a Florence Pugh é muito boa atriz e um anjo. Que o David Harbour como Guardião Vermelho é muito divertido. Que o Wyatt Russell tem muito a oferecer como Agente Americano. Que finalmente eu consegui ver valor na Fantasma. Que o Bucky pode ser mais que o amigo do Capitão América. E que o Bob fica horrível de cabelo loiro.

Thunderbolts* está em exibição nos cinemas.

E sim, o * tem um motivo pra existir e sim, se você parar pra pensar por uns minutos vai entender exatamente o que ele significa.