Sabemos como uma festa de despedida funciona, independente de qual seja ela, né? De solteiro, de alguém querido ou desquerido da firma, daquela pessoa que a gente ama e resolveu ir morar em outro país e nos abandonar à própria sorte por aqui, e até mesmo de casamento. Todas tem uma quantidade razoável de bebida alcoólica, de coisas que talvez não devessem ser ditas sendo ditas, de coisas que talvez não devessem ser feitas sendo feitas, de risadas, de emoção, de vergonhas sendo passadas no débito, crédito e Pix, alguns direitos humanos sendo feridos.
Uma festa que pra alguns vai sobrar ressaca, aquela rebordosa, mas que pra todos vai ser lembrada pra sempre.
Pois é o que Deadpool & Wolverine faz com o Universo Cinemático da Marvel na Fox, nome que eu posso ou não ter inventado agora. Uma festa de baixo orçamento (se é que podemos chamar um filme como esse baixo orçamento, mas é que você percebe que deram uma segurada em muitas coisas, especialmente locações — e não, isso não é uma reclamação!) que junta grandes nomes de todo esse rolê de mais de 20 anos pra celebrar o fim de uma era e o (re)início de uma.
Em uma entrevista ao The Hollywood Reporter, o Ryan Reynolds contou que estava a poucas horas de apresentar seu último pitch de Deadpool 3 para a Marvel quando recebeu uma ligação de Hugh Jackman dizendo que gostaria de participar do filme, da maneira que fosse — algo que uma pessoa recém separada de um casamento de décadas claramente faria e é absolutamente compreensível.
Nos momentos seguintes, deram toda uma enrolada pra encaixar o Wolverine nessa história pra apresentar e, nas palavras dele mesmo, deu certo. Tão certo que, aparentemente, não rolou qualquer mudança no que foi dito lá para o que vemos no filme. Dá, pra dizer o mínimo, enxergar que o Logan não faria falta.
Todo o rolê de Wade Wilson precisar salvar o seu mundo e precisar de um Wolverine é ok, mas parece que a ideia do Paradoxo de foder aquela linha do tempo poderia ter sido aplicada sem qualquer problema. Mas ela não foi. E a gente tem a sorte de, por isso, ter algumas sequências absolutamente sensacionais, descaralhantemente divertidas, logo nos primeiros minutos do filme, especialmente durante os créditos tradição dos filmes do Deadpool, aliás.
O filme inteiro, por conta dessa coisa de apagar linha temporal ou não, é recheado dos melhores e mais divertidos fanservices que poderia se esperar de um filme assim. Até fui almoçar um shawarma depois de assistir ao filme! ;D
Virando piada em mais de um momento do filme (que talvez seja o mais auto-consciente dos três, ponto positivo demais) as mais de 2h de Deadpool & Wolverine chegam a cansar. Quando a gente acha que tá indo pro final, não tá, e isso frustra tanto quanto nos empolga — não é sempre que se tem a Melhor Música Pop da História do Universo num filme como esse – mas cansa e mostra de novo, que o Wolverine foi só encaixado ali do jeito que deu.
Isso é um problema? De novo mais uma vez, absolutamente não. Até porque acredito que ninguém vá assistir a um filme como esse esperando ABSOLUTE CINEMA. Deadpool & Wolverine é uma festa de despedida AND de casamento com tudo o que se espera de algo assim.
A gente dá risadas, a gente bate palma, dá aquele gritinho empolgado, lembra histórias, fala mal de umas coisas, bem de outras, dependendo da situação do coração (ou da relação que você tem com Logan, o filme de 2007) dá uma choradinha, fica querendo comentar com amigos e depois… segue em frente, né? Até os 90 anos. 😉