Houve um tempo em que as séries de TV eram, de fato, séries de TV. Pra ir ao ar dependiam não só de audiência e assinantes, mas também anúncios — e não, não esses anúncios que enchem a porra do saco no meio do que estamos vendo no YouTube, Netflix ou, mais recentemente, Disney+. Havia intervalos!
Nada era por acaso, nada era aleatório, a esmo. Cada pausa acontecia em momentos estratégicos, muitas vezes vendidos especificamente, e escritos e dirigidos pra que a raiva fosse só pela frustração do “cliffhanger” do que pelo anúncio entrando bem naquela hora.
Naqueles tempos, uma temporada de série de TV costumava ter 24 episódios, exibidos semana a semana, o que dava cerca de, no mínimo, meio ano de uma série sendo exibida. Começava em Setembro, terminava em Maio. É por isso que, além dos hiatos, havia também os episódios “fillers” que, como diz o nome, serviam pra preencher espaços. Eram episódios ok, legais, muitas vezes trazendo alguma coisa sobre algum personagem, mas que não necessariamente adiciona no rolê maior das coisas.
Só que o que fazer quando toda uma temporada é basicamente isso?
Uma temporada filler
Na terceira temporada de The Bear, por exemplo, temos o episódio Napkins, dirigido por Ayo Edebiri, que também interpreta a Sydney na série. É focado na Tina (Liza Colón-Zayas) do momento em que ela perdeu um emprego até conseguir assumir a cozinha do The Beef. Legal? Pra caralho. A Ayo Edebiri dirigiu um episódio? Foda demais, mas é isso. Apenas isso e tão somente isso.
Esse é só um exemplo, pois de maneira geral, a terceira temporada inteira é um filler. Como se precisassem colocar algo no ar logo e, por isso, não se preocuparam muito em desenvolver a história, ficando apenas entre o que já se sabe e o que tá acontecendo, sem necessariamente desenvolver qualquer coisa.
Ok, o restaurante foi inaugurado, Carmy e o Primo (único personagem a se desenvolver decentemente) tão se matando, a Sugar tá pra ter neném e, enquanto isso, os Fak ficam sendo filler do filler, preenchendo espaços dentro dos episódios. O resto? Veremos somente na próxima temporada… Ou pelo menos espero que a gente veja.
Com Lost deu certo. Depois de uma temporada machucada pela greve dos atores em Hollywood, em que ainda assistíamos a Lost mas a que custo, os produtores definiram um caminho até o fim e seguiram. Com The Bear também dá — e os produtores criaram uma personagem que dá o melhor exemplo, interpretada pela melhor atriz do mundo. Every second counts, galera! Vamo que vamo!