Melhor maneira de começar um review de jogo que já é o quarto da franquia é falar que joguei o primeiro, pulei o segundo e comecei (mas não terminei) o terceiro. Esse foi o espírito ao começar a campanha de Dragon Age: The Veilguard.
Mesmo trazendo elementos dos jogos anteriores, percebi que era possível simplesmente começar a jogar como se esse fosse o meu primeiro contato com a série e devo ser bastante sincero ao falar que ter feito isso pode ter tornado ele um dos meus jogos favoritos de 2024.
Patotinha explosiva contra calvos
Dragon Age: The Veilguard começa tempos depois de Inquisition, apesar de ter uma ameaça clara do jogo anterior: Solas, o Lobo Temido, personagem do jogo anterior que se revela como um antigo deus que deseja romper o véu do mundo para consertar erros do passado. O problema é que isso inundaria o mundo de demônios, algo que você deve impedir.
Ao criar um novo personagem para a franquia, tendo heróis e vilões do passado reaparecendo ao longo da campanha ou fazendo parte do seu time, pode ter um impacto muito maior em quem jogou tudo o que veio antes, mas não chega a incomodar os jogadores de primeira viagem.
O jogo consegue estabelecer bem alguns personagens dentro do grande contexto da história de Veilguard, fazendo com que você entenda porque eles agem de certa forma mesmo sem nunca ter visto a cara deles.
Após aprisionar Solas logo de cara durante um ritual para romper o Véu, seu personagem acaba libertando dois antigos deuses élficos que são capazes de acabar com todo o mundo. O seu objetivo é formar uma equipe que possa impedir isso, enquanto Solas se comunica com seu herói através de sonhos.
Se você pegar esse parágrafo, já sabe o suficiente de Dragon Age: The Veilguard para sair fazendo as missões do jogo sem medo de ser feliz. Apesar de ter um foco bastante forte na história, o jogo é um RPG de ação em que você sai dando porrada como se não houvesse amanhã, com dois companheiros ajudando na pancadaria.
Você só precisa se preocupar com o seu personagem, já que os companheiros controlados pelo computador se viram muito bem durante as lutas, sendo que você pode parar tudo para dar comandos de magia para que eles possam curá-lo ou ajudar a tirar mais dano.
O mais interessante é que isso faz com que seus companheiros de time consigam ser mais desenvolvidos do que se você controlasse todos. Ao focar bastante no personagem que você cria, o jogo permite que os outros heróis sejam coadjuvantes de sua história, desenvolvendo cada um de acordo.
Confesso que na primeira metade do jogo, eu não sentia a menor vontade de trocar os membros da minha equipe porque não me sentia apegado a todos. Como o jogo faz com que você precise conhecer mais de suas histórias na segunda metade, seus destinos e participações nas batalhas começaram a se tornar mais frequentes.
No final, eu já tava usando todo mundo pois parecia que conhecia todos ali. A evolução deles, tanto como personagens como quanto membros da PANCADARIA FRANCA se torna bastante natural e fica muito difícil não tentar fazer o melhor final do jogo, completando praticamente tudo o que ele oferece, apenas para entregar o melhor destino para todos.
Mas que jogo divertido
Comecei Dragon Age: The Veilguard com uma sensação de “Vamos ver o que vem por aí”. Achei o jogo bonito, não tive problemas técnicos (joguei no PS5) e a cada hora que se passava, me sentia cada vez mais envolvido por ele.
Chegou um momento em que, ao procurar quanto tempo seria necessário para finalizá-lo, percebi que já tinha passado demais da média, simplesmente por ter ficado fazendo de tudo sem cansar. Acho que isso foi o que mais me surpreendeu em DAV. Eu simplesmente não cansei de jogar, apesar de ter completado o game com 128h de gameplay.
Eu sempre tinha vontade de voltar pro jogo quando não estava nele, pensando nas coisas que ainda podia fazer nele. Ele não é um jogo perfeito, pois acredito que o combate poderia ser um pouco melhor no sentido de ser menos caótico e mais tático. Alguns elementos do seu mundo ainda parecem demandar certo conhecimento prévio, algo esperado no quarto título da franquia.
Mesmo assim, jogar DA: The Veilguard me deu vontade de jogar todo o resto com calma e do jeito certo. Não sei se vou, mas a vontade de explorar mais esse universo criado pela Bioware existe.
Como já deixei claro, não esperava muito de Dragon Age: The Veilguard. Talvez esse tenha sido o segredo para ter gostado tanto dele. Em um ano cheio de lançamentos que eu aguardava tanto, como a segunda parte do remake de Final Fantasy VII, The Veilguard acabou sendo o título que me fez lembrar como é divertido simplesmente jogar videogame sem muito compromisso.
Isso é algo muito pessoal, mas há muito tempo, mesmo conseguindo curtir vários jogos, a mentalidade de “trabalho com isso” me colocava numa zona meio esquisita na hora de aproveitar os jogos. Eu gostava (ou não), mas tentava analisar diferentes pontos dos jogos. Será que a história fazia sentido? E esse gameplay? Os gráficos fazem sentido pra ideia que querem passar? E as mecânicas utilizadas, como os diálogos que afetam a trama, funcionam mesmo?
Dragon Age: The Veilguard me fez esquecer isso e simplesmente “ir no embalo”. Eu não me importava muito com elementos técnicos ou que fariam um jogo receber um tipo ou outro de review. Eu só queria que meu boneco conseguisse salvar o mundo na história e ainda romancear uma anã ruiva cheia de sardas (porque óbvio).
Em um ano meio esquisito nos games, Dragon Age: The Veilguard acabou se tornando um título que mostra como toda essa bagunça pode ser divertida.