Puro Mofo: Streets of Rage

Em 1989, a Capcom lançou no mercado Final Fight, jogo beat ‘em up que nasceu como uma sequência para o primeiro Street Fighter, mas que acabou virando uma série própria. Quando a Nintendo conseguiu levar ao Super Nintendo um port do game, previamente lançado nos arcades, a Sega percebeu que precisava de um concorrente para o seu sistema, Mega Drive. Assim, nasceu Streets of Rage.

O game acabou se tornando um dos títulos mais importantes da vida do console, servindo como um dos pontos que atraia novos consumidores para a plataforma, sendo portado para outros videogames, como o Master System e o Game Gear. Agora, chegou a hora de relembrarmos essa franquia que sumiu do mercado, mas ainda continua viva na memória de muita gente.

Nascimento da pancadaria

Quando a Sega viu os jogos que a Nintendo estava conseguindo juntar uma bela seleção de games para o Super NES, resolveu fazer algo a respeito para poder competir com a rival. Pensando assim, a companhia resolveu juntar alguns profissionais, liderados por antigos membros do Team Shinobi, para modificar a engine do game Golden Axe e criar um novo título.

Capa do jogo
Capa do jogo

Reutilizando sons e gráficos de The Revenge of Shinobi, a Sega ainda contratou o compositor Yuzo Koshiro para realizar a trilha sonora de Streets of Rage. Koshiro já havia trabalhado na trilha de Shinobi e viria a compor as músicas de outro jogo da Sega, Shenmue.

Utilizando o jogo da Capcom como base, Streets of Rage tem um gameplay bastante similar, utilizando de golpes simples, um especial e armas encontradas pelo cenário. Mesmo assim, SoR ainda trazia alguns elementos interessantes, como um especial que apresentava um carro de polícia que limpava o cenário dos inimigos. Tudo bem que não fazia sentido ele aparecer em TODOS os cenários, mas o efeito era bem legal.

Para a trama, a Sega escolheu algo bem simples e digno de um filme do Domingo Maior: uma grande metrópole é vítima de uma onda de violência graças ao domínio de um sindicato do crime. Três ex-policiais (Adam Hunter, Axel Stone e Blaze Fielding) resolvem ir para as ruas para SENTAR A PORRADA EM TODO MUNDO.

Streets of Rage, também conhecido como Bare Knuckles (seu título no Japão), foi lançado em agosto de 1991 para o Mega Drive, conquistando o público e a crítica especializada. Considerado por muitos como um dos melhores games de beat ‘em up até os dias de hoje, o jogo teve nos seus gráficos e na sua trilha sonora, que fazia milagre com o chip de som do console, como um de seus pontos altos.

Com a boa aceitação do público, era esperado que a Sega daria continuidade à série.

Uma continuação digna de vitória

Aproveitando que havia encontrado uma boa franquia de beat ‘em up, a Sega pegou o embalo do primeiro Streets of Rage e, já em 1992, lançou uma sequência.

Streets of Rage 2, ou Bare Knuckle II: The Requiem of the Deadly Battle, mostrou ao mundo como era possível socar uma sequência em pouco tempo e que superava bastante seu antecessor.

Utilizando um cartucho com mais memória, Streets of Rage 2 apresentava gráficos bem melhores, com mais detalhes do que os vistos no primeiro jogo. Outra vantagem era um aumento no número de personagens selecionáveis, que pulou para quatro na sequência (Max, um wrestler amigo de Axel, e Skate, irmão mais novo de Adam.

J0EGWA trama se passava um ano após os acontecimentos do primeiro jogo, Axel e Blaze foram embora da cidade, seguindo com suas vidas, enquanto Adam retornou à polícia, ajudando na criação de seu irmão mais novo. Eles se reúnem para tomar umas e lembrar dos velhos tempos.

No dia seguinte, Skate, irmão de Adam, revela que ele foi sequestrado pelo vilão do primeiro game, Mr X. Axel junta todo mundo e vai pras ruas SENTAR A PORRADA EM TODO MUNDO.

Streets of Rage 2 trouxe novos movimentos para cada um dos personagens, além de especiais que substituem aquela viatura de polícia com os malucos de bazuca. Os inimigos deixaram de ser apenas alguns punks e dominatrix, incluindo motoqueiros, kickboxers, robôs e ninjas.

Streets of Rage ganhou ports para Game Gear, Master System, chegando ao Virtual Console da Nintendo, Xbox Live e PSN há poucos anos.

O terceiro capítulo da trilogia

Streets_of_Rage_3_(box_art)Depois do sucesso de Streets of Rage 1 e 2, a Sega continuou no embalo, lançando uma nova sequência no início de 1994. Streets of Rage 3 chegou às lojas foi recebido de maneira mais fria pelo público e crítica.

As mudanças apresentadas em Streets of Rage 2 em relação ao primeiro game foram significativas o suficiente para as poucas novidades de SoR 3 não caírem muito bem no gosto do público. Por causa disso, o título acabou vendendo bem menos do que o esperado.

Mesmo assim, Streets of Rage 3 ainda é um bom beat ‘em up, apresentando um novo personagem, o Dr Zan, um velho robótico que entrou no lugar de Max, além de Roo, um canguru que pode ser destravado, além de dois chefes que podem se juntar ao roster.

Um dos problemas do game foi a sua trilha sonora. Enquanto os games anteriores tinham em suas músicas um de seus pontos altos, Streets of Rage 3 traz uma trilha sonora que foi considerada por muitos como “a frente do seu tempo”.

O futuro

Apesar de os três jogos da série Streets of Rage terem ganhado ports para outros consoles, como PS3 e Xbox 360, a Sega cogitou dar continuidade à franquia fora do Mega Drive.

Após ter realizado a adaptação de Die Hard Arcade para o Saturn, a empresa japonesa cogitou realizar a transição do beat ‘em up para o console. O jogo começou a ser produzido, mas problemas com licenças impediram que ele fosse lançado como Streets of Rage, chegando ao mercado como Fighting Force, já sem os personagens da série. O game acabou sendo lançado para Saturn, PS1 e Nintendo 64.

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Só que a Sega continuou com a tentativa de trazer Streets of Rage de volta à vida. No começo do DreamCast, a empresa começou a produção de Streets of Rage 4. A única informação disponível sobre o projeto é o vídeo de uma demo que mostra o Axel lutando contra alguns inimigos.

Por diversos problemas internos, o projeto acabou sendo cancelado.

Um remake começou a ser produzido há alguns anos pela produtora GRIN, mas ela encerrou suas atividades, fazendo com que o projeto fosse cancelado.

Fonte da imagem: Eurogamer
Fonte da imagem: Eurogamer

Outra produtora, a Backbone Entertainment, também procurou a Sega com uma ideia de um reboot de Streets of Rage, que seria lançado na Xbox Live e PSN, mas também não passou da fase de conversas. Pelo menos, algumas artes do projeto acabaram vazando na internet.

Até o momento, parece que a Sega desistiu da ideia de trazer Streets of Rage de volta à vida. O fato de o gênero beat ‘em up não estar tão em voga também pode ser considerado como um dos motivos por essa decisão, mas títulos como Scott Pilgrim vs The World: The Game e até mesmo o último Double Dragon (apesar de longe de ser perfeito) mostram que existe um público que consumiria esse tipo de conteúdo.

Enquanto a Sega não usa a propriedade, fãs criaram um remake com animações e o escambau.

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Chamado Streets of Rage Remake (AHVÁ?), o projeto chegou a ser lançado na internet, mas a empresa japonesa fez questão de derrubá-lo do servidor original. Como na rede nada se perde, basta procurar para encontrá-lo e matar um pouco da saudade.

Puro Mofo é a coluna do Puro Pop em que trazemos filmes, quadrinhos, games, séries de TV e o que mais nos der na telha que já estão com aquela idade digna de estar cheirando naftalina, apresentando-os para um novo público, além de fazer os fãs relembrarem de toda a sua glória.