Review Mad Max

No meio de 2015, Mad Max: Estrada da Fúria chegou naquele embalo de “Será que vai prestar?” e foi embora com o título de melhor blockbuster do ano (até agora). Por causa disso, Mad Max, jogo baseado na franquia, mas que não adapta um filme específico, teve o seu hype elevado por associação.

Os trailers mostravam certo potencial, com um combate parecido com o visto nos jogos do Batman, mas um tanto mais agressivo, além de ter carros modificados em um deserto pós-apocalíptico se destruindo como se não houvesse amanhã.

Com o jogo em mãos e TROCENTAS horas de gameplay, é possível dizer que ele consegue pegar muito do espírito dos filmes de George Miller, mas sofre do mal de se contentar em apenas ser mediano, não alcançando todo o seu potencial.

Uma ambientação fantástica

Mad Max não é um jogo que se vende como algo que mudará a sua percepção sobre games baseados em séries do cinema. Desde os primeiros momentos, como você pode ver acima no vídeo da primeira hora do título, a única coisa que ele tenta fazer, e consegue com muito sucesso, é criar uma ambientação legal.

No início, os controles parecem cretinos (QUE TIPO DE JOGO FULEIRO COLOCA O L2 COMO BOTÃO DE PULO?) e o carro que você dirige parece ter 72 toneladas, perdendo tudo se você resolve fazer uma curva. Só que, mesmo assim, você prossegue porque o universo que é mostrando perante os seus olhos é realmente incrível.

É meio cretino falar disso quando é só um imenso deserto na sua frente, mas se você já assistiu a qualquer um dos filmes de Mad Max, é possível realmente se sentir dentro de tudo aquilo ao sair dirigindo por dunas e ruínas de uma época melhor para aquele mundo.

Só que, ao mesmo tempo que a parte do visual do jogo é surpreendentemente impressionante, Mad Max praticamente não tem uma trilha sonora. É uma falha absurda, vide o fato de que o filme mais recente tem uma das melhores dos últimos tempos.

Apesar de entender isso como uma falha, o fato de pode jogar o game ouvindo a trilha de Estrada da Fúria através daquela gambiarra incrível do Spotify com o PS4, deixou o título épico e emocionante. A cada combate, cada tomada de acampamento inimigo, ao ouvir uma das músicas do filme, tudo parecia mais grandioso do que realmente era.

Isso só realçou a falha da Avalanche Games, mesma produtora responsável pela franquia Just Cause, ao não ter investido em uma trilha sonora decente para o jogo. Sério, se Mad Max tivesse músicas boas IN GAME, aliadas com os gráficos e a criação do universo, ele com certeza teria ganhado o coração de muita gente por aí.

Punch, shoot, drive, repeat

Mad Max tem uma história muito simples. Em alguns momentos, simples até demais. Você já assistiu ao filme O Protetor, com o Tony Jaa? Nele, o baixinho arrebenta meio mundo na porrada porque roubaram o elefante dele. É basicamente “Cadê meu elefante?” e porrada. O jogo do Mad Max é basicamente isso.

Logo no início, Lord Scrotus (belo nome), um dos trocentos filhos de Immortan Joe, o vilão do último filme, acha o Max, dá um cacete nele e rouba o seu carro. Com a ajuda de um corcunda que acredita que o Max é um santo, você precisa construir um novo carro, sentando a porrada em todo mundo pra conseguir o seu Interceptor de volta.

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Isso pode funcionar no cinema, mas em um videogame, você precisa de um pouco mais para prender a atenção do jogador. Para isso, Mad Max criou uma mapa IMENSO e encheu de coisas pra fazer. Encontrar sucata, pedaços de carro para fazer upgrade, limpar acampamentos, desarmar minas terrestres, ajudar sobreviventes, entre outras pequenas missões.

De certa forma, o jogo acaba se tornando apenas essas pequenas missões, com a história ficando em segundo plano mais vezes do que deveria. Até certo ponto, você aceita essas condições. No início, é até divertido limpar regiões inteiras, melhorar o seu MAGNUM OPUS (nome para o carro) e tudo mais, mas quando você já passou várias horas nessa função, descobrir que chegou apenas à metade do game, a vontade é de jogar tudo pra alto e falar “DANE-SE!”.

Mad Max não sabe a hora de evoluir e nem faz o jogador ir pra frente quando deveria. Por causa disso, ele se transforma num exercício de repetição, fazendo aquela diversão do início sumir por saber que ainda existem mais missões idênticas para fazer em cenários grandiosos.

O combate, que é praticamente o mesmo da série Batman Arkham, mas sem piruetas e MUITO mais agressivo, é divertido e satisfatório. É bonito de ver você realmente quebrar todo mundo na bordoada, principalmente quando o jogo resolve colocar uma dezena de inimigos pra você derrotar.

Outro tipo de combate, o veicular, é surpreendentemente bom. Utilizando pancadas e outros equipamentos e armas conforme o jogo avança, em momento algum você se sente indefeso, transformando o seu carro em uma extensão do Max.

O único problema desses combates é que, mais de uma vez, o game resolve bagunçar com a câmera durante esses momentos de combate com veículos. Mais de uma vez, você precisa focar em um carro, mas a câmera resolve se afastar e bagunçar com os controles, que ficam um pouco “soltos” e podem atrapalhar o seu ataque.

Muita gordura, areia, sangue e gasolina

Muita gente vai abandonar Mad Max antes de ele voltar a ficar realmente interessante. O game começa em um ritmo interessante, se perde no meio por apostar em missões repetitivas e que consomem a sua vida, mas volta a ficar legal na sua reta final.

A história do game, contada ali em cima, ganha novos personagens e as suas ações têm muito mais peso além de “CARA, CADÊ MEU CARRO?”. Isso só mostra que, caso o pessoal da Avalanche tivesse tomado o cuidado de fazer o jogo um pouco mais “amarradinho”, ele poderia ser incrível.

E eu acho que esse é um belo jeito de descrever o game do Mad Max. Ele mostra, em mais de uma ocasião, o potencial pra ser realmente especial, mas parece se contentar em ser apenas regular. Ele não é nem perto do desastre que algumas pessoas falaram (TOLOS), mas também não é o melhor jogo baseado em filme.

No final das contas, Mad Max é um jogo viciante, ainda que, em diversos momentos, resolva andar nos caminhos da mediocridade.

Immortan Joe MEDIOCRE

O tipo de game que não te ofende, mas também não marca a sua vida. Quem sabe, no futuro teremos um jogo digno para testemunhar.

Mad Max foi testado no PS4, com cópia cedida pela WB Games