Review: GRID Autosport

Durante muito tempo, muitos jogadores olhavam para jogos de corrida e conseguiam apenas ver Gran Turismo, Need for Speed e Forza Motorsport. Apesar de outros títulos fazerem a alegria de muita gente por aí, tinha espaço para mas uma franquia que poderia servir como meio termo entre simuladores e aquele arcade maroto e cheio de malícia.

Race Driver: GRID surgiu dessa maneira, utilizando da engine da série DiRT e fazendo muita gente feliz (eu incluso) ao apresentar a nova cara da franquia TOCA Race Driver. Sua sequência, intitulada apenas GRID 2, dividiu os fãs pelo fato de ter tentado se tornar mais próximo de um simulador, além de incluir um modo história bem meia-bomba.

Com a chegada de GRID Autosport, a Codemasters tem mais uma chance de mostrar a que veio, lançando o que deve ser o último grande título do gênero que é exclusivo para a geração que se despede.

Será que o terceiro título da série consegue recapturar a glória daquele primeiro (e sensacional) jogo ou ficou só na vontade?

Um modo carreira mais organizado

Logo que você inicia GRID Autosport, tem a oportunidade de entrar em um modo carreira, tendo como objetivo o caneco do “Campeonato GRID”. Para conseguir chegar até ele, você precisa trabalhar para equipes que participam de diferentes tipos de corrida.

GRID Autosport traz cinco tipos de corrida:

  • Endurance: aqui, você deve preservar o seu carro, buscando não força-lo muito, assim como não ficar de cabriolagem cos os pneus, que desgastam com o avanço da corrida. As competições geralmente acontecem em circuitos fechados e não são mensurados em voltas, mas sim em tempo.
  • Touring: competições de carros de turismo. Aqui, você deve se mostrar um pouco mais agressivo que o normal, já que a grande quantidade de carros, geralmente com potência parecida, necessitando de um pouco de “braço” para vencer. A quantidade de colisões aqui é absurda, sendo que em metade das corridas em que eu entrei, teve carro capotando e o escambau.
  • Open wheel: também conhecido como carros de monoposto ou “fórmulas”, são corridas de alta velocidade, mas por causa da fragilidade e dirigibilidade dos veículos, necessitma de um pouco de cuidado e atenção durante a competição.
  • Tuner: carros tunados em competições de velocidade e habilidade. Aqui, existem dois tipos diferentes de competição: por tempo, em que você deve fazer a melhor volta para garantir o primeiro lugar, e drift. Na segunda competição, você compete em um circuito pequeno, com curvas fechadas para você derrapar num esquema “Desafio em Tóquio” e garantir pontos.
  • Street: corridas com carros exóticos em ruas ao redor do mundo. Aqui, você deve apelar para velocidade e agressividade para tentar garantir o primeiro lugar. É basicamente o modo mais “Need for Speed” de corrida de GRID Autosport.

Competir em cada uma dessas corridas dará pontos de experiência, que por sua vez destravam novas competições, até chegando ao campeonato principal.

O fato de você poder escolher a ordem dos estilos, até mesmo competindo em apenar um modo até chegar ao seu limite, é bem interessante, ainda que alguns deles sejam um saco (estou olhando para você, Endurance).

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Tudo isso me pareceu uma maneira mais organizada de gerenciar o modo carreira, em vez de te jogar de qualquer maneira em corridas em que você vai ganhando dinheiro sem saber onde gastá-lo.

Inclusive, esse é um dos problemas de GRID Autosport, já que você simplesmente corre com o que te dão. O máximo de escolha que você tem se faz presente quando é necessário selecionar a equipe pela qual você participará dos eventos.

Mesmo com o game tendo vários carros impressionantes, no modo single player, eles estão praticamente escondidos do jogador por grande parte do jogo.

O retorno (porco) da visão de dentro do carro

Um dos elementos que mais chamava atenção em Race Driver: GRID era a sua câmera do cockpit. Com ela, era possível ver o painel do carro funcionando, as mãos do piloto no volante, assim como quando uma troca de marcha era feita. Tudo era lindo e nada estava errado.

Eis que a Codemasters, durante o lançamento de GRID 2, anuncia que retirou aquela câmera com a desculpa que “pouca gente usava”. A internet chilicou e, durante o anúncio de GRID Autosport de que a câmera estaria de volta. A internet entrou em júbilo.

Eu tive a oportunidade de testar, há pouco mais de um mês, uma versão de preview do jogo. A câmera do cockpit estava uma bosta, com tudo borrado. Acreditei que isso era reflexo da versão ainda inacabada, fiquei todo animado para a edição final do game. Pois bem, eu resolvi fazer um pequeno vídeo comparando a visão do cockpit do primeiro GRID, lançado em 2008, e de Autosport.

Me perdoe, MAS QUE PORRA É ESSA? A impressão que dá é que a Codemasters se apavorou com a resposta do público, viu que alguns modders haviam criado uma solução nas coxas pra câmera (exatamente essa utilizada em Autosport) e mandaram ver só de farra.

É tudo borrado, o painel não responde. Se era pra fazer assim, então que nem fizesse.

A indecisão entre simulador e arcade

Eu realmente gosto do primeiro GRID. O fato de você conseguir jogar se pela farra, sem se preocupar tanto com todos os entraves de simuladores, era muito divertido. Com o lançamento de GRID 2, a Codemasters quis trazer um pouco mais do gostinho do mundo real ao jogo, algo que parece não ter caído tão bem na mecânica previamente apresentada.

Com GRID Autosport, a impressão que fica é que a Codemasters resolveu atender aos pedidos dos jogadores e optou por misturar o que funcionou nos jogos anteriores. Em alguns momentos, isso funciona muito bem, já em outros, a mistura prejudica a diversão.

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Um bom exemplo disso é vista na dirigibilidade da maioria dos carros. Todos se comportam de maneira um pouco estranha e pesada, o que seria ótimo em um jogo que puxasse mais para simulação, mas a maneira como os veículos reagem aos seus comandos se parecem mais com um título mais arcade. Isso acaba criando, em alguns momentos, um gameplay esquizofrênico, já que você acaba tendo que lutar contra você mesmo para conseguir chegar em primeiro lugar.

Outro elemento que aumenta o desafio e a vontade de meter o pé na televisão está na inteligência artificial dos seus oponentes, assim como a do seu companheiro de equipe.

A impressão que fica é a de que todos que estão atrás de você têm apenas um objetivo: arrebentar com o seu carro. Conseguir um quinto lugar muitas vezes se tornará tão emocionante quanto o posto mais alto do pódio.

Se isso não fosse suficiente, seu parceiro de equipe geralmente é incompetente, prejudicando a pontuação da equipe e deixando tudo nas suas costas.

Mas vale uns trocados?

Como bom verme que sou, mesmo com vários probleminhas, consegui me divertir com GRID Autosport. Ele está um pouco distante do potencial apresentado no primeiro game. Ele ainda é um jogo bonito (tirando aquela câmera cretina do cockpit) e o modo carreira dele deve render um bom tempo de jogatina, assim como o seu esquema multiplayer, onde você pode escolher o seu carro para competir e fazer a festa.

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O game é um jeito interessante da Codemasters se despedir da atual geração de videogames (mesmo o título também sendo lançado para PCs) e que dá certa esperança que o próximo jogo da franquia, já para consoles e configurações mais avançadas, pegue as boas ideias apresentadas e as coloquem em prática.

Do jeito que está, GRID Autosport vale mesmo para os fãs da série e somente a eles.

Capa de Grid Autosport

GRID_Autosport