Review – Destiny

Muitas vezes, uma publisher de jogos precisa apelar para o hype absurdo para conseguir vender uma nova propriedade intelectual. Mais de um ano antes do seu lançamento, Destiny, novo game da Bungie, parecia a salvação dos jogos de tiro em primeira pessoa.

Misturando elementos de jogos como Halo e MMORPGs por aí, Destiny veio com a vontade de se tornar um título necessário e que viverá durante anos a fio, com vários jogadores e o escambau. Com um mês desde o seu lançamento, alguns patches e uma estabilidade maior nos servidores, agora já dá pra falar um pouco mais sobre Destiny.

História feita nas coxas

Eu já vou começar na voadora mesmo. Destiny tem uma desculpa como história. Desde os primeiros instantes, é possível perceber que existiu uma vontade de criar um lore interessante para o universo do jogo, mas ele logo foi descartado e sobrou meia dúzia de elementos que são jogados na sua cara.

Não existe profundidade alguma nos personagens ou até mesmo na profundidade da trama. Tudo é contado de maneira apressada, meio que só pra dar uma desculpa pra você sair dando tiro em inimigos.

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Um ser chamado Viajante chega a Marte, criando contato com a Terra e apresentando tecnologia suficiente para criar um salto par a humanidade. Logo a Terra conta com tecnologia para explorar as estrelas, mas um antigo inimigo do Viajante, chamando Escuridão, o ataca.

Anos após a treta, você, um Guardião, é ressuscitado e deve ser o responsável para acabar com a Escuridão.

Note que até os nomes são genéricos demais, parecendo que estavam ali só pra segurar o lugar, chegou na hora de lançar o jogo e falaram “Putz, não mudaram? Ah, vai assim mesmo!”.

Apesar de isso não parecer grave para muitas pessoas, esse descaso com a história irrita a ponto de você simplesmente querer pular toda cutscene porque já sabe que ela será porca. Ah é, não dá pra pular as cutscenes, então, você fica vendo uma história cretina ser mal contada.

Inimigos com a personalidade do meu dedão

Destiny sofre de outro mal: inimigos decentes. Apesar de ter a tal Escuridão como principal oponente, o jogador é enfrentado por uma horda de monstros genéricos e que não apresentam grande diferença uns para os outros, salvo sua aparência (que nem é tão legal pra começar).

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A falta de história (ou a maneira porca como ela é contada) joga inimigos no seu caminho sem nenhuma forma decente para introduzi-los no game. Antes de uma missão, você vê através de uma narração safada que tem uma facção diferente de inimigos. E pronto, é só isso.

O fato de todos eles agirem de maneira parecida apenas mostra que o pessoal da Bungie resolveu que só fazer uns bichos estranhos seria o suficiente pra fazer o jogo ser divertido.

Cenários grandiosos (e ainda limitados)

Uma das coisas que realmente impressiona em Destiny é a qualidade dos seus gráficos. Seja com os personagens ou com os cenários, o pessoal da Bungie realmente está de parabéns pelo design do universo do game.

O problema é que, apesar de tudo parecer enorme e dar vontade de explorar tudo, as fases são relativamente limitadas. Ao contrário do papo meses antes do lançamento, em que todo o cenário será explorável, a realidade é bem diferente.

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Mais de uma vez são encontradas paredes invisíveis, áreas que ao serem alcançadas, iniciam uma contagem regressiva que pode causar a sua morte. Na teoria, isso não chega a ser um problema absurdo, já que é realmente complicado montar um cenário “infinito”, só que todo o papinho de “é tudo explorável” e o fato de os cenários serem bem abertos, dão aquela sensação de “qual era a necessidade de prometer se não ia entregar?”.

Jogue, jogue, jogue e ganhe equipamento pior do que já tem

Todos os problemas de Destiny seriam ignorados por mim se ele não fosse tão cretino em relação ao loot dado. Como em um MMO qualquer, os inimigos derrubam equipamentos que podem ser usados pelo seu personagem.

Na teoria, um bom jogo que utilize esse esquema apresentará um loot pelo menos do seu nível quando se mata um chefe ou uma grande missão é completada. Isso não funciona com Destiny, já que ele é completamente aleatório em relação ao que dá ao jogador.

Volta e meia, você recebe um item a ser destravado e que pode lhe presentear com um equipamento lendário ou exótico, os mais poderosos do game. Em 95% dos casos, eu consegui somente equipamento pior do que eu já tinha. E na única vez que algo lendário foi apresentado, era um item específico para outra classe diferente da minha.

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Mesmo entrando em partidas de Crucible, também conhecido como o velho PvP, que supostamente apresentam equipamentos melhores, a chance ainda é pequena o suficiente para você ter que passar um dia inteiro pra somente talvez conseguir um equipamento melhor do que já tem.

E sim, mesmo com patch, a cagada de pato continuou a mesma coisa.

MESMO ASSIM…

Só que mesmo com todos esses problemas, Destiny é um jogo absurdamente divertido de se jogar. Graças à sua jogabilidade fluida, o game fica gostoso e, mesmo proporcionando alguns momentos em que a vontade de socar alguém ou algo é imensa, ele não complicado de pegar o jeito.

Ao contrário de outros FPS, como Battlefield e Call of Duty, em que sempre tem um moleque de 12 anos que não faz nada da vida e fica apurrinhando a vida de quem quer jogar, o PvP de Destiny é surpreendentemente divertido e diria até equilibrado.

Se você gosta de um FPS pelo simples prazer de dar tiro na cara dos outros, Destiny é o jogo pra você. Se você gosta de passar raiva ao matar um chefe absurdo e não receber um equipamento que preste, Destiny é o jogo para você. Se você não quer uma história decente, você já entendeu o recado.

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No final das contas, Destiny é um jogo divertido e vale a compra, se você não acreditar no hype. Ele não é a salvação dos jogos de tiro em primeira pessoa e, dificilmente, terá o tempo de vida que a Activision e Bungie esperam que ele tenha. Quem sabe uma sequência conserte esses erros. Por enquanto, ficou só na tentativa mesmo.