Review: South Park: A Fenda que Abunda Força

Quando eu ainda trabalhava para o antigo Baixaki Jogos (que depois virou Tecmundo Games, que agora virou Voxel), tive a chance de fazer o review de South Park: The Stick of Truth. Nos anos que trabalhei lá, fiz review de uma cacetada de jogos, mas somente South Park me fez dar uma nota 10.

Provavelmente por isso, a cada nova notícia de South Park: The Fracture But Whole (ou A Fenda que Abunda Força), eu ficava cada vez mais empolgado. Era RPG, tinha super-heróis e era South Park. Depois de horas de campanha, é possível dizer que a Obsidian acertou a mão novamente. O suficiente pra levar outro 10 meu? Acompanhe.

Viagem no tempo e um novo herói na cidade

A Fenda que Abunda Força começa momentos após o final de The Stick of Truth, com as crianças ainda brincando de luta medieval. No meio disso, Cartman, ou The Coon, descobre o sumiço de gatos pela cidade de South Park, “viajando no tempo” para avisar alguém e tentar ganhar uma recompensa de US$100.

Ele acaba trombando na nova criança e aí começa a aventura.

A história em si de A Fenda que Abunda Força não é tão interessante quanto a de The Stick of Truth pelo fato de tentar ser muito maior do que antes. Isso não é algo ruim, mas em alguns momentos, você meio que toca sem muita vontade, só pra não deixar as coisas pela metade.

As piadinhas feitas em cima do gênero de super-heróis, principalmente dos trocentos filmes que são produzidos anualmente, impulsionam bastante a trama, mas rola uma leve impressão de que a melhor trama foi usada no primeiro game, sendo que esse se firma no carisma dos personagens.

Mesmo assim, é possível dizer que o jogo traz algumas das situações mais absurdas que eu já vi num jogo de RPG, se mostrando como um enorme episódio de South Park. E talvez essa seja a maior graça do negócio.

Na temporada atual do desenho, um episódio foi usado como prólogo do próprio jogo e, graças ao estilo da animação, o game passa a impressão de assistir ao seriado na TV e à conclusão da história. O problema é que, enquanto algumas piadas são MUITO boas, elas parecem repetições de outras que já foram feitas, tirando um pouco da sua graça.

Um sistema de combate mais inteligente

Em South Park: The Stick of Truth, o sistema de combate era o mais básico possível. Cada personagem tinha seu turno, podendo escolher os oponentes pela tela e desferindo seus golpes. Em A Fenda que Abunda Força, o combate ainda funciona em turnos, mas o campo de batalha ganhou espaços que você deve explorar para conseguir alcançar seus oponentes.

Esses espaços também consideram o posicionamento dos diversos personagens da sua party, fazendo com que você pare para planejar seus movimentos, evitando sair freneticamente atacando tudo o que vê pela frente.

Esse sistema é muito mais interessante, permitindo ao jogador criar uma estratégia de luta que pode ser decisiva na hora da verdade. A variedade de personagens que você pode escolher também é bem legal, assim como as diferentes classes que seu personagem pode ter.

Começando com a escolha de uma entre três, ao avançar, é possível conseguir subclasses, ganhando cada vez mais poderes. Isso acaba gerando diversas possibilidades dentro de um combate, fazendo com que você tenha vontade de jogar mais, utilizando novas classes.

Excelente, mas não perfeito

South Park: The Stick of Truth era um jogo quase perfeito. Trabalhando como forma de adaptação de uma série de TV, ele era impecável. Como jogo de RPG, trazia um sistema nostálgico e excelente, era cheio de missões divertidas e situações memoráveis.

South Park: A Fenda que Abunda Força é um jogo realmente divertido, mas depois de terminá-lo, lembro bem menos de momentos dele do que de seu antecessor. Em um jogo tão levado pelas suas histórias e personagens, são eles que acabam sendo a maior graça, elevando as situações pelo seu carisma (e falta de educação).

Um jogo excelente, mas que não consegue ser tão incrível quanto o seu antecessor.