Review: Yakuza 6 – The Song of Life

Durante um bom tempo, eu tive sérios problemas em começar a jogar os títulos da série Yakuza. Eu nunca tive um PS2, então já era complicado sequer ter acesso aos jogos. Quando a Sony liberou Yakuza 4 para o PS3 através da PS Plus, me empolguei, mas ele é tão “meio do caminho” que ficou complicado engrenar na história.

Eu tinha abandonado a franquia até Yakuza 0 ser lançado no ocidente. A trama se passava antes de tudo, então dava pra começar por ali. Usando o trocadilho mais cretino possível, Yakuza 0 era na verdade nota 10.

Tudo nele funcionou tão bem comigo que o sinal de EMPOLGOU acendeu e eu me animei com o fato de o primeiro jogo estar sendo relançado. Fui me enrolando, mas na semana que ia comprar Yakuza Kiwami, Yakuza 6 chegou no meu PS4. Agora eu tinha a bizarra tarefa de jogar o provável último capítulo da série tendo jogado apenas o seu início.

Várias horas depois, posso dizer, sem medo, que valeu mais a pena do que eu esperava, já que Yakuza 6 é um dos jogos mais divertidos que já tive a chance de jogar no PS4.

O retorno do Dragão de Dojima

Yakuza 6 começa momentos depois do final de Yakuza 5, com Kiryu Kazuma, o Dragão de Dojima, indo preso para se livrar de vez do seu passado e Haruka, sua filha adotiva, revelando ao mundo que o seu pai era na verdade um Yakuza, abandonando sua carreira de cantora pop (Yakuza é uma série louca!).

Por causa de vários problemas, Haruka some e, três anos depois, quando sai da prisão, Kiryu resolve ir atrás dela. Como já dá pra imaginar, merda acontece.

Por ter jogado somente Yakuza 0, confesso que nas primeiras duas horas de jogo, eu boiei bastante. Só que, de repente, coisas que tinham acontecido exatamente 30 anos antes, durante ele, começaram a aparecer e tudo começou a fazer sentido.

Quando percebi, não era mais necessário saber tudo o que aconteceu durante toda a série. O ponto principal era “Kiryu Kazuma, o Dragão de Dojima, é UMA LENDA”.

Talvez o elemento que faz com que toda a trama de filme de Supercine e as diversas sidequests façam sentido é a figura de Kiryu e como ele destoa de boa parte das coisas que está acontecendo.

Ele é o típico protagonista durão e marrento, mas aí você tem minigames em que você tem que embalar um bebê, ou que você canta emocionado em karaokê uma música que o lembra de um velho amigo falecido.

Pô, Kiryu, no alto dos seus 50 e tantos anos aprende a mexer no computador para conversar com cam girl.

YAKUZA 6: The Song of Life

Se esse não é um personagem lendário, eu não sei quem pode ser.

Gigantesco, mas do tamanho de um ovo

Toda a trama de Yakuza 6 se passa em pequenos distritos de duas cidades japonesas: Tokyo e Hiroshima. Se parar para analisar, se juntar os dois mapas não dá meia dúzia de quadras de GTA V, mas é impressionante como a Sega conseguiu fazer esse espaço pequeno um dos mais vivos que eu já vi em um jogo.

As ruas estão sempre cheias de pessoas, você tem lojas para entrar, locais para se divertir, diversas sidequests para fazer, cada uma mais interessante que a outra, que no final você acaba sentindo que o local é milhões de vezes mais vivo que o imenso mapa de Los Santos, por exemplo.

Tem tanta coisa para fazer, com tanta gente para interagir que, dependendo de como você joga, pode passar muito tempo sem avançar nada a trama principal, só cantando em karaokê e jogando no fliperama da Sega. Inclusive, Yakuza 6 é sensacional por trazer versões completas de arcade de jogos clássicos como Space Harrier, Out Run, Puyo Puyo e Virtua Fighter 5. Basta chegar no fliperama e sair jogando.

Em dado momento, você acaba se envolvendo em uma guerra de gangues, com direito a estratégia de batalha, contra lutadores do New Japan Pro Wrestling. Maluco, tem o Shibata pra colocar no time pra SENTAR A PORRADA no Okada, Naito e Yano.

RAINMAKER!

Eu não tava preparado psicologicamente pra isso.

Pancadaria desenfreada, mas meio capenga

O combate de Yakuza 6 é justo, é tranquilo, é curto e grosso. Para quem nunca jogou, ele pode parecer meio descontrolado no começo, mas não demora muito pra pegar o jeito e fazer miséria.

O meu único problema foi ter jogado Yakuza 0. Nele, como provavelmente no resto da série, existem diferentes tipos de luta usados por Kiryu, fazendo do ato de sair estancando japonês nervoso na porrada algo bem mais interessante, já que você tem a opção de fazer isso de maneira mais bruta, ágil, com objetos, etc.

Em Yakuza 6, tudo se resume a um tipo de luta, usando sempre a mesma sequência de pernadas e croques que, depois de certo tempo, ficam um pouco chatos. Um pouquinho mais de variedade deixar as coisas ainda mais divertidas.

Mais coração que muito jogo por aí

Yakuza 6 impressiona por algo que vai além das pancadarias e sidequests cretinas. É incrível a maneira como os personagens são desenvolvidos e interagem entre si. É muito fácil você terminar um trecho da história se importando tanto com uma personagem em particular que deseja que nada de ruim aconteça.

Cada nova virada da história traz um impacto maior do que o esperado pelo simples fato de os personagens se comportarem como pessoas reais. É tudo realista o suficiente para que você acredite que aquilo tudo poderia acontecer e valores levantados, mesmo que vindo de assassinos, tem um peso inesperado.

O que eu quero dizer é que Yakuza 6, assim como aconteceu em Yakuza 0 e no resto da série, sabe construir muito bem os seus personagens, dando personalidades tridimensionais a eles, algo que apenas deixa a experiência final ainda melhor.

Conclusão

Yakuza 6 é um puta jogo. Ainda que seja uma forma de capítulo final, ele deve ser jogado por fãs e até mesmo quem teve pouco contato com a série. Boatos de que todos os títulos que faltam (3, 4 e 5) receberão remakes/remasters para o PS4, permitindo que toda a franquia (fora aqueles spinoffs que jamais deixarão o Japão) fiquei em um console só, então, deve ser ainda mais divertido acompanhar toda a saga de Kiryu.

Não sei se Yakuza 6 estará entre os candidatos a jogos do ano em grandes publicações, mas aqui no Puro Pop, tá firme e forte no top 5.

Yakuza 6 tá nos trinks. TÁ JÓIA!