Review: Trem-Bala

De vez em quando, Hollywood resolve sair um pouco daquele esquema de “precisamos construir franquias” e acaba adaptando algumas obras que fazem sentido sendo apenas uma história absurda e divertida. Trem-Bala, novo filme de David Leitch, diretor (não creditado) de John Wick, Deadpool 2 e Atômica, é um filme violento, engraçado, com bons personagens e uma história caótica que faz com que as duas horas de duração passem voando (me recuso a fazer trocadilho com a velocidade de um trem-bala).

Assassinos, Yakuza e Thomas e Seus Amigos

Trem-Bala tem uma história relativamente simples, mas ainda uma verdadeira bagunça ao mesmo tempo. Um assassino de codinome Joaninha (Brad Pitt) tem como missão entrar num trem-bala em Tóquio, pegar uma maleta e descer na primeira estação possível. Só que a presença de mais assassinos, um pai desesperado, Yakuza e uma jovem psicopata torna a missão bem mais difícil do que deveria.

O Brad Pitt tá no modo “tô aqui pelo carisma”, que normalmente prejudicaria muito o filme, mas aqui ele funciona muito bem. Apesar de em boa parte da trama ele parecer um personagem secundário, no seu terceiro ato, finalmente ele mostra a que veio.

Isso seria um problema para o resto do filme não fosse a presença de dois personagens, Limão e Tangerina, Interpretados por Brian Tyree Henry, de Atlanta, Eternos e a voz do pai do Miles em Homem-Aranha no Aranhaverso, e Aaron Taylor-Johnson, de Kick-Ass e estrela de Kraven, o Caçador, são os MVP do filme.

Trem-Bala

Se o Pitt tá ali pelo carisma, é impressionante como quem leva o filme pra frente são esses dois. Ambos já haviam mostrado que são bons no que fazem, mas a mistura de humor e carisma, além de você realmente comprar que os dois são assassinos competentes quando o bicho pega, fazem com que o filme funcione de verdade e você compre toda a galhofa que existe nele. Além de uma obsessão por frutas e Thomas e Seus Amigos que faz com que você queira até saber um pouco mais sobre esses dois sujeitos.

Porque sim, Trem-Bala é um filme de ação estilizado, com suas próprias regras e com tudo bastante acelerado. Aos poucos, a trama da maleta vai evoluindo, com mais personagens sendo introduzidos e um terceiro ato que consegue ser grandioso e absurdamente caótico.

Violento, um pouco confuso e extremamente divertido

Trem-Bala tinha tudo para ser um filme pesado e tenso, já que vira uma corrida contra o tempo em que o perigo vai apenas aumentando a cada parada, mas o fato de ele ser um filme bem humorado acaba tornando toda a experiência uma grande folia, algo que o diretor já havia conseguido antes com John Wick (apesar de não ter sido creditado na direção do primeiro filme) e Deadpool 2.

Se você gostou desses dois filmes, já tem uma ideia do que esperar desse novo. São filmes que apresentam uma urgência que poderia ser sufocante, mas acabam tornando tudo divertido, ainda que a velocidade em que tudo aconteça possa causar certa estranheza em alguns momentos e torne as coisas um pouco confusas.

Isso porque o filme não busca explicar tudo sobre ele, deixando algumas informações sobre o universo que você acaba só aceitando e seguindo em frente, até porque ele simplesmente continua com seu ritmo frenético.

Não chega a ser um problema grave, mas pode deixar algumas pessoas um pouco incomodadas. O mesmo vale para a sua violência. Ele se aproxima bastante da violência de um Kick-Ass, John Wick e Deadpool, quase exagerando como Kill Bill em alguns momentos. O que faz tudo funcionar são os diálogos e situações engraçadas que acabam servindo como fio condutor nessas cenas mais pesadas, tornando tudo apenas divertido para cacete.

Trem-Bala, que é baseado em um livro do autor japonês Kotaro Isaka, é aquele filme legal de assistir no cinema, seja pelos visuais caóticos, pelo ritmo frenético ou pelo climão gostoso de todo mundo rindo das piadinhas e de participações inusitadas de atores que eu não tinha nem ideia que estavam no filme.

É um filme que eu esperava ser legal, baseado no trailer, mas que me surpreendi com o quanto me diverti ao assistir no cinema e que me deixou muito curioso para ler o livro em que ele foi baseado. Vai que vale a pena.