Review: Passageiros

Passageiros é um filme que você vai assistir pensando ser uma coisa e, com meia hora de história, percebe que ele é completamente diferente.

Se você assistiu aos trailers, já sabe um dos pontos principais do longa: uma tripulação está viajando para outro planeta e é “congelada” para acordar no fim da viagem, em 120 anos. Só que um problema ocorre e duas pessoas acabam acordadas 80 anos antes do tempo. Eles são extremamente atraentes, acabam gostando um do outro, mas existe um segredo do porque eles foram acordados antes do tempo, o que parece gerar muita ação.

Pois bem, pra falar de Passageiros, é necessário entregar a “reviravolta” do filme, que nem é uma reviravolta. Isso porque, quando o filme finalmente começou a ser produzido (ele passou anos num vai não vai), a Sony chegou a liberar uma sinopse que entregava qual é o verdadeiro plot do filme. Só que na hora de lançar seus trailers, omitiu parte importante da história.

Em Passageiros, não são dois passageiros que são acordados antes do tempo. Apenas o personagem do Chris Pratt acorda, devido a um acidente. Ele então passa um ano sozinho e, depois de quase se matar, vê uma passageira. Se apaixona por ela e, com o conhecimento que teve ao tentar arrumar a sua capsula (sem sucesso), abre a capsula da moça, basicamente a condenando à morte, já que toda a sua vida foi pro saco no processo.

Não parece tanto com um filme de romance com uma galera bonita e umas cenas de ação, né?

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No fundo, Passageiros é uma ficção científica que levanta umas questões morais bem interessantes, mas, sei lá porque, ele parece ter receio de se aprofundar nisso ou sequer fazer o personagem do Chris Pratt o grande vilão da história. Porque é basicamente isso o que ele é. O cara condena uma mina que ele nem conhecia porque achou ela gostosa numa capsula, consegue esconder esse fato dela por um tempo suficiente para dar AQUELA PICOTADA nela.

Só que quando os acontecimentos seguem o rumo que você já deve imaginar, ele nunca é mostrado como uma pessoa ruim pelo que fez. O filme tenta mostrar sob uma luz de “ele se arrepende”, mas o cara passa um tempo considerável se pegando com a mina depois de ter acordado ela. Ele sabia o que tava fazendo e escondeu tudo.

E eu acho que esse é o maior problema de Passageiros. Se você assistí-lo sem muita pretensões, ele é basicamente um romance estranho, com uns atores muito bonitos, em um cenário de ficção científica. Só que essa coisa de “Ele era só um cara legal que errou” incomoda um pouco.

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O terceiro ato do filme tenta consertar alguns dos seus problemas e é até bem sucedido nisso, mas a falta de coragem em realmente explorar os pontos levantados pela história (o desespero de um sobrevivente, solidão, escolhas erradas, os problemas morais gerados pelas ações do personagem) acabam deixando o filme superficial.

Passageiros não é um filme chato, o Chris Pratt e a Jennifer Lawrence não estão ruins nos seus papeis (mas também não estão espetaculares), mas mesmo tendo gostado dele (não parece, mas gostei), fica aquele gostinho de que ele tinha o necessário para ser bem mais.