Review: O Homem do Norte

Poucos filmes até hoje conseguiram traduzir como eram os tempos dos Vikings, como agiam os conquistadores nórdicos e as suas lendas de forma realista ou que não parecesse um grande disco de Power Metal. O Homem do Norte é a nova tentativa de Hollywood de contar uma história com Vikings que realmente engrene com todo mundo e, ao final de suas 2h e 10 minutos de duração, é possível dizer que não só isso deu certo, como deu certo pra cacete!

Eu vou vingá-lo, pai!

O Homem do Norte conta a história de um jovem príncipe que vê sua vida destruída quando seu pai é assassinado pelo seu tio, sua mãe é levada pelo sujeito e sua cabeça é colocada a prêmio. Ainda criança, ele jura vingança pelo pai e que um dia retornará para salvar a sua mãe e matar o seu tio traidor.

A trama, que lembra bastante Hamlet, de Shakespeare, na verdade é inspirada em um conto que por sua vez inspirou o autor bretão na hora de criar a sua peça. É uma história relativamente simples de se acompanhar, com uma outra reviravolta, mas feito de maneira séria e que, o mais importante, funciona muito bem ao mostrar uma cultura de guerreiros invasores e seus costumes.

Eu vou salvá-la, mãe!

Um dos pontos que mais chama atenção de O Homem do Norte é o seu elenco, que tem como estrela Alexander Skarsgard, mas conta também com Anya Taylor-Joy, Nicole Kidman, Ethan Hawke, Willem Dafoe e até a Bjork.

Confesso que tinha um pouco o pé atrás com o filme por ser de Robert Eggers, de A Bruxa (que eu gostei, apesar de ter sido vendido errado), e O Farol (que eu odiei). Então, O Homem do Norte tava ali naquele limbo de “O elenco é foda, parece legal, mas pode desandar pra mim e eu acabar achando um lixo”.

Felizmente, o Eggers, que eu nunca duvidei do talento, entregou um filme que usou as forças de cada um dos seus atores, em papeis interessantes, mesmo quando eles participam de apenas uma ou duas cenas.

Eu vou matá-lo, Fjolnir

Só que tudo poderia ter sido bem genérico se O Homem do Norte não mostrasse como era a vida de um Viking e toda a crueldade e sujeira que rodava os conquistadores nórdicos. Desde os primeiros momentos do filme, é possível notar a violência, o total desrespeito pelos conquistados, tudo ainda com um aspecto de respeito entre guerreiros que só querem poder morrer em batalha para poderem entrar em Valhalla.

O Homem do Norte mostra o talento do diretor Robert Eggers em um dos melhores filmes sobre Vikings dos últimos anos

Apesar de contar com alguns elementos fantásticos, que acabam por se encaixar muito melhor do que eu esperava, O Homem do Norte ainda é bastante realista na maneira como aborda vários dos costumes Vikings e como os homens e mulheres da época agiam.

Tudo isso com muito sangue e cenas fortes que podem afastar alguns, mas atrair aqueles que querem um dos melhores filmes do gênero ou só gostam de uma pancadaria doida.

No fim das contas, O Homem do Norte reforça o talento do Eggers (apesar de eu ainda odiar muito O Farol) e me deixa muito empolgado com o remate de Nosferatu que ele pretende fazer.