Review: Eternos

Sempre que um novo filme da Marvel chega aos cinemas, rola aquela coisa de gente que nem viu o longa falando que é a melhor coisa do mundo, e outra galera reclamando de mais um filme de boneco no cinema. Junte isso a um filme de personagens desconhecidos do grande público, que vai para um caminho completamente diferente do que o “Universo Cinematográfico da Marvel” está indo, e que não tem medo de incluir diversidade de raças e sexualidade e pronto, você tem Eternos, um filme bem interessante, que eu tenho a impressão que muita gente só vai conseguir prestar atenção de verdade tempos depois de ele sair dos cinemas.

Desde os tempos mais primórdios

Eternos deixa de lado aqueles heróis “gente como a gente” da Marvel e mostra uma realidade de deuses celestiais, criação do universo e ameaças grandiosas. Parece que depois de Vingadores Ultimato, um filme que basicamente salvou metade do universo, isso parece mais do mesmo, mas não é. Com a ideia criada pelo mestre Jack Kirby, você sente ao longo do filme que essa é uma galera que vive na mesma realidade de heróis como Homem de Ferro, Capitão América e Homem-Aranha, mas existe uma disparidade do que eles precisam enfrentar que é interessante e, ao mesmo tempo, os deixa deslocado no “grande plano” da Marvel no cinema.

Durante suas mais de duas horas, tirando uma ou outra menção ao que rolou antes, Eternos é um filme quase que todo independente do MCU. Em vários momentos, eu simplesmente esqueci que ele se passa no mesmo planeta dos Vingadores e isso é algo muito bom e, até o momento, bem esquisito.

Como eu disse, Eternos conta a história de um grupo de heróis que estão na Terra há milênios, observando e auxiliando a humanidade em alguns eventos que devem ajudar no seu desenvolvimento como espécie, protegendo o planeta de uma raça que pretende acabar com a vida inteligente no universo. O filme traz um vai e vem de épocas do mundo que é legal, já que não é usado exaustivamente, ainda que alguns trechos não sejam tão relevantes assim.

Em tempos atuais, os heróis estão separados e um acontecimento caótico faz com que eles precisem se juntar para tentar salvar o planeta e, por tabela, entender as suas próprias origens.

Uma grande família

Apesar de a história do filme não ser particularmente surpreendente, o que faz valer mesmo são os personagens que formam os Eternos. Apesar de três receberem mais destaque (Sersi, Ikaris e Ajak), o resto do grupo é bastante interessante, com destaque para Kingo (que nome esquisito), Gilgamesh e Thena. Outros, como Makkari, Phastos e Druig são legais, mas pouco utilizados. Tem uma personagem, Duende, que eu achei chatinha desde o começo até o final do filme, então pelo menos manteve o embalo.

A dinâmica de eles se tratarem como uma grande família por milhares de anos funciona na maneira como se tratam e isso acaba sustentando parte do filme, quando as poucas cenas de ação e história manjada começam a ficar meio mole das pernas. Inclusive, falando em cenas de ação, Makkari, que tem supervelocidade, mostra que a Warner tá vacilando nos efeitos do Flash, porque ficou muito legal ver ela em ação, assim como Angelina Jolie, que em uma cena específica praticamente grita “Olha aí a Mulher-Maravilha que vocês tanto queriam anos atrás”.

Vai pra onde?

Eternos é um filme que até se resolve bem sozinho, mas ao mesmo tempo, parece ser a Marvel dando um passo um pouco maior do que as suas já gigantescas pernas. Enquanto como história fechada de um grupo de personagens, ele funciona, mas se você coloca ele no grande plano do estúdio, parece muito mais um “Confia no pai” da Marvel do que quando lançou Guardiões da Galáxia (Guardiões ainda é melhor).

Existe personagem que tá ali em duas cenas pra depois virar alguém importante e tudo mais, menções a acontecimentos passados e um terceiro ato que pode ter alguma repercussão em filmes futuros, mas ainda é isolado o suficiente pra ser, como foi Viúva Negra, um filme que é de boa se você não assistir. Isso é uma pena, porque Eternos é um filme divertido, apesar de seu começo um tanto embolado.

Por isso, repito: Eternos é um filme interessante, mas que talvez vai ser mais bem visto daqui um tempo. Por enquanto, é só um filme ok da Marvel, mas nada grandioso como estava sendo prometido.