Aquaman

Review: Aquaman

O universo cinematográfico da DC é uma das coisas mais confusas em atividade no mundo do entretenimento. Largaram toda a construção na mão de um diretor, que cometeu o crime chamado Batman vs Superman e deixou alguns resquícios em filmes como Mulher-Maravilha e Liga da Justiça.

Aquaman, apesar de ter lá o nome do Zack Snyder como produtor executivo e dar continuidade ao que foi mostrado até agora com o personagem, segundo consta, é o primeiro 100% Zack Snyder free do DCEU. Finjam surpresa ao descobrir que Aquaman é o filme mais leve desse universo até o momento.

Abraçando o fato de ser um filme de gibi

Um dos maiores problemas do DCEU ou sei lá como a Warner tá chamando o universo DC nos cinemas hoje em dia, é que até agora, boa parte dos seus filmes parece ter certa vergonha de assumir que são filmes de gibi. Não digo na questão de fazer piadinhas e o escambau, mas ainda existia aquela sombra da trilogia do Batman do Christopher Nolan de que tudo precisa ser pé no chão, com uma resposta para os absurdos do mundo dos quadrinhos.

Aquaman, mesmo oriundo desses filmes, parece ser o primeiro a aceitar com todas as forças que é um filme de gibi. Assim como a Marvel e a própria DC fez no passado, Aquaman não tenta explicar as coisas com base no nosso mundo, mas sim no seu próprio. Isso significa que ele tem suas regras e vive dentro delas, sejam elas absurdas ou não.

Só isso já faz com que o clima do filme fique mais leve e muito mais próximo de uma aventura cheia de fantasia, que é o que Aquaman precisava ser.

Um bastardo. Um rei. Um herói. Ou um fanfarrão mesmo

Aquaman é a típica história de origem de super-herói, com a diferença que já vimos ele de relance em um filme e ajudando a salvar o mundo em outro. Só que aqui, fica claro que por mais que ele tenha lutado ao lado de Superman, Batman e Mulher-Maravilha, Arthur Curry ainda é um iniciante.

Mesmo salvando todo mundo pelos mares, o cara segue no seu canto, sem querer saber do seu lado atlante. Isso até o seu meio-irmão, Orm,resolve criar uma guerra que colocará em risco os mares e a terra. Existe uma piada aqui a ser feita com “e eles nem pensaram em não sair no soco porque a mãe deles tem o mesmo nome”, até porque a mãe é a mesma.

Aquaman não é um filme cheio de reviravoltas, até porque até quando tenta, tudo é óbvio o suficiente para você ver o que vai acontecer cinco minutos antes, mas entrega uma boa apresentação pro personagem, por mais que ele seja um tanto diferente dos quadrinhos.

Isso porque o Aquaman dos cinemas é basicamente o Jason Momoa nadando. Se você viu qualquer entrevista com o cara, sabia exatamente como ele seria em Liga da Justiça e agora no seu filme solo.

Isso poderia ser um baita problema caso o desgraçado não fosse carismático. Parte da boa vontade em torno do filme cai nos ombros do cara, que tem um jeito fanfarrão que funciona dentro da história que está sendo contada, mesmo ele sendo um pouco diferente do que se esperava do herói dos quadrinhos.

O resto do elenco não é particularmente inspirado, mas também não ofende. A Amber Heard como Mera parece meio engessada, mas em algumas cenas se solta mais e entrega direitinho nas cenas de ação. O mesmo pode ser dito da Nicole Kidman como a mãe do Aquaman.

Muito se falou sobre a presença do Arreia Negra no filme mas, apesar de alguns momentos divertidos, ele é total coadjuvante para o verdadeiro vilão, Orm, o Mestre do Oceano, interpretado pelo ator Patrick Wilson, de Watchmen e da franquia de filmes Invocação do Mal, do mesmo diretor de Aquaman, James Wan.

Ele é a força que faz o Aquaman parar de mocoronguice e se transformar no verdadeiro Rei de Atlântida. A atuação não é ruim, mas também não é muito inspirada.

No geral, Aquaman se destaca mesmo é pelo visual de cenas de batalha e a construção dos reinos submarinos, assim como uma ou outra cena que,vendo o filme numa tela de Imax, parecia bem impressionante.

As cenas de pancadaria são divertidas e o humor, em boa parte das vezes funciona. No resto, é uma coleção de piadinhas e tiradinhas cretinas que você só pensa “Por que?”. São escolhas equivocadas, como uma versão de África, do Toto, interpretada pelo PITBULL, que me fazem pensar que aDC ainda não tem 100% de certeza do que está fazendo com o DCEU.

Mesmo assim, Aquaman consegue ser um filme bastante divertido e que tem no seu terceiro ato os seus melhores momentos. O filme deixa o personagem e o próprio universo dele em um lugar muito mais confortável do que Liga da Justiça, algo que só deve melhorar com os próximos filmes (assim espero).

Aquaman

Se você tava com receio de assistir Aquaman, vai de coração aberto que no final, você não vai sair desgraçado da cabeça por terem destruído o personagem e ainda vai sair achando divertido.