Review: Alita Anjo de Combate André Luiz de Mello Pereira Cinema 14 de fevereiro de 2019 Anos atrás, James Cameron anunciou que adaptaria para os cinemas o mangá Battle Angel Alita. O tempo foi passando, o diretor se empolgou em fazer filme ruim com bicho azul e história chupinhada de Pocahontas e Alita foi ficando de lado. Agora, finalmente o filme chega aos cinemas, mas pelas mãos de Robert Rodriguez (e roteiro e produção do Cameron). Será que a espera valeu a pena e temos a primeira adaptação decente de um mangá feita em Hollywood ou é só mais um exemplo que americano talvez não saiba tratar esse tipo de propriedade? Começando uma nova vida Alita: Anjo de Combate mostra desde os primeiros minutos a que veio, com cenários cheios de efeitos visuais, que são potencializados quando um médico, interpretado por Christoph Waltz, encontra uma ciborgue abandonada em um lixão. Depois de perceber que o cérebro dela está intacto, ele resolve lhe dar um novo corpo. Quando ela não lembra quem era antes, ele dá o nome de Alita para ela. Daí pra frente, se você viu qualquer trailer do filme, dá pra deduzir o que vai acontecer. E isso é um defeito e uma dádiva do filme. Porque ele é bastante previsível, mas ao mesmo tempo, a história que ele conta entretém o suficiente para você não se sentir entediado, principalmente a partir do momento que o pau começa a comer de verdade. Só que tem algo que pode quebrar ou fazer o filme para você, dependendo da sua boa vontade. Temos que falar sobre o visual de Alita Desde o momento que foi revelado, o visual da personagem principal chamou atenção porque é ESTRANHO. Estranho porque ele claramente tenta emular o visual de mangá, o que nos primeiros momentos é um negócio bastante esquisito. Toda a performance da personagem é trabalho da atriz Rosa Salazar, que emprestou sua voz e movimentos para a heroína, mas todo o resto foi criado em computador. Além dela, alguns outros personagens também são completamente feitos em computação gráfica, o que em teoria, não deveria funcionar direito. Só que alguma coisa funcionou pra mim, pois depois daquele momento inicial de “tá esquisito”, a impressão que eu fiquei foi de que aquilo fazia sentido dentro do universo do filme. Os modelos não estão mal feitos e existe um motivo para Alita ser daquele jeito. Fora que confesso que em várias cenas, além de achar a personagem bonita, os olhos grandes não só não me incomodaram como pensei “Tá do tamanho dos olhos da Emma Stone em Birdman. Tô nem zoando”. Muita ação e uma traminha de romance sem vergonha As cenas de ação de Alita são o ponto do alto do filme, graças ao estilo frenético de luta dela e um esporte estranho que eles competem para ganhar dinheiro. Nesses momentos, o filme se faz valer, além de ser interessante assistir na maior tela possível para aproveitar bem a experiência. Ao mesmo tempo que temos isso, o filme também apresenta uma traminha de romance que desde o momento em que começa, você já sabe mais ou menos onde vai dar. E isso é a parte do filme ser previsível que é ruim, porque as cenas muitas vezes parecem entrar no caminho da trama, ainda que façam mais sentido pra frente. No fim, valeu a adaptação? Confesso que gostei muito mais de Alita: Anjo de Combate do que esperava. Comecei a assistir ao filme já pensando que ele poderia ser uma bomba, mas ele consegue entreter bem durante suas duas horas de duração. Não é um filme que vai mudar o mundo ou causar a verdadeira virada nas adaptações de mangás em Hollywood, mas depois de tantas bombas, ele consegue ser competente o suficiente para valer com tranquilidade o ingresso. Não sei se ele vai conseguir ter uma sequência, mas fiquei querendo uma para conhecer mais daquele universo. Por enquanto, pelo menos tenho como consolo os mangás completos para ler.