Review: X-Men: Apocalypse

A primeira coisa que deve ser dita sobre X-Men Apocalipse é que se você espera uma coisa bem próxima aos quadrinhos, tirando uma ou outra cena, o filme segue bem de perto o que a série de adaptações vem trazendo ao cinema. Basicamente, se você gosta MESMO dos filmes de X-Men, vai gostar de X-Men Apocalipse. Caso contrário, vai continuar vendo os mesmos problemas dos últimos filmes aqui.

Uma nova velha geração

X-Men Apocalipse se passa dez anos após os acontecimentos de Dias de um Futuro Esquecido. Agora, os mutantes são mais vistos no mundo, com a Mística se tornando uma espécie de heroína (já que acabou salvando o presidente dos EUA e vive em busca de mutantes oprimidos). A Escola para Jovens Superdotados de Charles Xavier está cheia de alunos, com direito a uma Jubileu tão útil quanto no desenho dos anos 90, enquanto Magneto sumiu e foi tocar a vida com uma nova família.

Tava tudo indo mais ou menos bem até a chegada de Em Sabah Nur, o Apocalipse. Primeiramente, baita cagada colocaram o Oscar Isaac debaixo de uma tonelada de maquiagem e modificarem a sua voz, mas ele vai bem com o material que lhe é dado. O visual do vilão tá bem melhor do que naqueles primeiros trailers e imagens, ficando mais distante de uma versão ridícula do Ivan Ooze.

A grande novidade do filme seria a reapresentação de personagens já conhecidos do público, como Tempestade, Jean Grey, Ciclope e Noturno. Esses quatro personagens parecem um tanto estranhos nas primeiras cenas, mas conforme eles vão agindo mais como “adolescentes”, você começa a querer ver mais deles.

E isso é uma coisa que faz falta nesses filmes dos X-Men. Apesar de os quadrinhos serem lembrados pelo paralelo traçado entre ficção e mundo real, com a luta pela igualdade entre as raças e tudo mais, boa parte do que fazia as HQs dos mutantes serem boas de ler era a maneira como os personagens interagiam. Muitas vezes, parecia uma grande novela, com uma galera cheia de poder e umas aventuras absurdas.

O problema de X-Men Apocalipse é que o filme apresenta essas novas versões dos personagens e, por um bom tempo, os transforma em coadjuvantes em uma trama requentada em TODO FILME desse “fresh reboot” que fizeram na série.

Mais uma vez, vemos o esqueminha “Xavier tentando provar que o Magneto é do bem, mas ele é do mal. Ou será que é mesmo?”, e aquele uso maneiro do contrato da Jennifer Lawrence, transformando a Mística no Wolverine dos primeiros filmes dos X-Men.

Um filme qualquer coisa, mas que poderia ser incrível

Uma coisa estranha de X-Men Apocalipse é que ele traz todos os elementos de um filme épico. Existem umas cenas ali que realmente fazem você pensar “Porra, aí sim!”, uma delas sendo a sequência que a Fox fez o favor de mostrar no último trailer, com o Wolverine. Inclusive, a cena é talvez um dos melhores usos do personagem em todos esses 16 anos desde o primeiro X-Men.

E isso me incomodou bastante no filme. A maneira como você vê que ele tem a faca e o queijo na mão, mas parece que tem algo errado ali e as coisas acabam se mostrando só “ok”. Isso não chega a ser ruim, já que “ok” ainda vale uma assistida no cinema, mas o gostinho de potencial mal aproveitado permeia o filme inteiro.

Talvez isso aconteça porque tá tudo na mão do Bryan Singer. O cara deu o pontapé na maneira como filmes de gibi são adaptados, desde o sucesso do primeiro X-Men. Os seus dois primeiros longas com mutantes não envelheceram tão bem, mas são importantes.

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Tira o Singer dali que fica daora. E sim, UNIFORMES PARECIDOS COM A HQ

O problema é que o Singer não evoluiu como o gênero, fazendo os filmes sempre com o mesmo jeito de uma década e meia atrás. Confesso que gostei de Apocalipse um pouco mais que Dias de um Futuro Esquecido, mas eu queria ter curtido mais. Eu acredito que o material e até mesmo esse elenco merecem mais.

Talvez seja a hora da Fox agradecer o Singer e colocar os mutantes na mão de gente nova. X-Men Primeira Classe se beneficiou com isso. A sequência de X-Men Apocalipse já foi anunciada (se passará nos anos 90 e se o filme seguir a última cena do filme, eu vou assistir amarradão porque sou um verme), mas se o Singer continuar metendo a mão ali, já dá pra diminuir MUITO as expectativas.

Veja bem, eu nem sou daqueles que acha que a Fox deveria fazer um acordo com a Disney e dividir os X-Men com a Marvel. Os mutantes não PRECISAM viver dentro daquele universo pra funcionarem bem (ao contrário do Quarteto Fantástico). A Fox pode fazer algo realmente grandioso com esses personagens. Só tá faltando deixar na mão de alguém capaz disso.

Conclusão

No geral, X-Men Apocalipse é o tipo de filme que diverte, mas é terrivelmente esquecível. Ele tem alguns acertos importantes, mas umas falhas bestas que poderiam ser facilmente evitadas por um diretor mais consciente do que tá fazendo.

O elenco é bem divertido e eu gostei de todo mundo ali. O Apocalipse é diferente dos quadrinhos, um tanto mal aproveitado, mas não dá pra falar que ele foi “estragado” ou “é o Ivan Ooze”, como muita gente tava querendo fazer.

Em um ano em que a Fox acertou a mão (sem querer) com Deadpool, X-Men Apocalipse provavelmente será o filme do estúdio que geral só vai lembrar quando começarem a filmar a sequência. Fica aqui a esperança que o sucesso de Deadpool e possíveis novos ares na Fox vejam que não precisam só renovar o elenco, mas sim quem dá as ordens por trás das câmeras pra fazer os mutantes realmente tomarem o seu lugar no cinema.