Review: Whiplash — Em Busca da Perfeição

Whiplash 2 Tough love. Muitas vezes, as pessoas acreditam que sendo um pouco mais duras com as outras, conseguiram com que essas transformem o seu potencial em realidade. Isso não chega a ser ruim, mas existem casos em que limites são ultrapassados e é exatamente isso o que vemos em Whiplash — Em Busca da Perfeição. A simples história de um jovem e promissor baterista e um professor extremamente exigente acaba por se tornar um ótimo e assustador conto sobre abuso e até que ponto uma pessoa pode chegar para alcançar a excelência.

Um aluno cheio de talento

Whiplash tem em seus grandes triunfos dois atores: Miles Teller e J.K. Simmons. Teller, que apareceu em filmes como Divergente (filme que o próprio esculachou depois) e o muito bom Spectacular Now, interpreta Andrew, um jovem criado pelo pai e com um talento nato para bateria. Ele ingressa em uma das mais prestigiosas escolas de música de Nova York e, um belo dia, ao mostrar sua habilidade, acaba chamando a atenção de um professor, vivido por Simmons. Desde as primeiras cenas em que aparece, Teller consegue passar uma variedade de emoções impressionante, passando de garoto assustado, sempre em busca de aprovação de uma figura paterna, por alguém confiante em suas capacidades, até uma pessoa obcecada por seus objetivos. Whiplash 4 Apesar de já ter demonstrado isso em outros longas, Teller é o tipo de ator que todo mundo deve começar a prestar atenção e que, se tudo der certo, deve explodir em 2015, graças ao lançamento da nova versão do Quarteto Fantástico (ele interpreta o Reed Richards no filme). O ator, que toca bateria desde os 15 anos e, mesmo assim, treinou durante meses para se tornar um baterista de jazz digno para o papel, traz uma força absurda ao filme, que poderia se desmontar caso caísse no colo de outra pessoa. O mesmo aconteceria, até mesmo em um nível maior, caso o papel do professor Terence Fletcher não tivesse ficado com J.K. Simmons.

Um professor com uma exigência doentia

Para grande parte do público, J.K. Simmons é o J.Jonah Jameson da trilogia do Homem-Aranha, dirigida pelo Sam Raimi. Até hoje, muita gente tem a esperança de que pelo menos ele volte pra um dos novos filmes, não importando onde e por quem eles sejam produzidos. Em Whiplash, Simmons mostra porque tem uma carreira sólida e cheia de ótimos trabalhos (eu ainda tenho medo dele dos tempos da série OZ),  criando com o professor Terence Fletcher um sujeito cruel, muitas vezes frio, mas que tem um motivo forte o bastante para continuar agindo do jeito que o faz. whiplash 5 Fletcher consegue ser um personagem até mais interessante que Andrew, já que em alguns momentos ele mostra uma brecha para entendermos melhor porque ele é daquele jeito, somente para levarmos um tombo logo em seguida com alguma coisa que ele faz. E isso é um grande mérito do ator que o interpreta.

Música para embalar a tensão

Como era de se esperar, a parte musical do filme é excelente. Focada no jazz, a trilha sonora de Whiplash — Em Busca da Perfeição é agradável até mesmo para quem não curte ou não conhece direito o gênero.

Talvez pelo seu estilo quebrado (pelo menos pros meus ouvidos que não fazem ideia de muita coisa que tá acontecendo ali), o gênero musical acaba por realçar o drama e a tensão apresentada na história.

Conclusão

No fim das contas, Whiplash — Em Busca da Perfeição é o tipo de filme que chega a surpreender com a sua qualidade absurda. Com uma dupla principal excelente, amparada por um roteiro bem amarrado, um elenco coadjuvante bem escalado (Melissa Benoist, não te conhecia, mas já te amo), o longa pode não ganhar trocentos prêmios em Oscar e o escambau, mas é, com certeza, uma das melhores produções de 2014. Whiplash 3